domingo, 3 de junho de 2018

Operador do PMDB consegue sair da cadeia

O juiz Sérgio Moro mandou expedir na sexta-feira alvará de soltura de Mário Miranda, apontado como operador de propinas do PMDB. Alvo principal da Operação Dejà Vu, fase 51 da Lava Jato, Miranda confessou crimes e colocou à disposição da Justiça US$ 7,2 milhões em valores repatriados da Suíça. O dinheiro, segundo ele próprio, teve origem em "práticas ilícitas em contratos da Petrobrás". A investigação Dejà Vu mira contrato da área Internacional da Petrobrás no valor de US$ 825 milhões que teria rendido propinas de US$ 40 milhões ao PMDB, em encontro entre delatores da empreiteira baiana corrupta Odebrecht, os ex-presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, e Temer, então candidato a vice-presidente, em 2010. Miranda e outro operador, Sérgio Bocaletti, são acusados de receber US$ 31 milhões por meio de contas mantidas por operadores financeiros no Exterior e representavam políticos do PMDB. Os operadores são investigados por entregas de valor equivalente em moeda nacional, em espécie e no Brasil, ao encarregado pelo recebimento e distribuição do dinheiro aos agentes políticos. Sob sigilo, as declarações de Miranda foram registradas pela força-tarefa da Operação Lava Jato no dia 16.

O depoimento envolve contrato que, segundo a propineira Odebrecht e os investigadores, beneficiou o PMDB em 2010, em acerto com políticos da cúpula do partido, dentro do escritório de Michel Temer em São Paulo. O termo foi assinado após a prisão de Miranda na 51ª fase da Operação Lava Jato, que mira suspeita de propinas em benefício do partido. Na sexta-feira, o juiz Sérgio Moro despachou. “Considerando que R$ 6.129.355,34 já foram depositados na conta judicial, expeça-se o alvará de soltura em relação a Mario Ildeu de Miranda, bem como o termo de compromisso com as cautelares. Deverá subscrever no prazo de cinco dias os formulários necessários para a renúncia dos valores bloqueados no Exterior e repatriação dos mesmos junto ao Ministério Público Federal".

Miranda está livre, mas não pode sair do País, por imposição de Moro. “Oficie-se ainda à Delegacia da Polícia Federal de Fronteira para registrar a proibição de que deixe o País". Para os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, há "contas secretas ainda mantidas no Exterior e que não tiveram saldos sequestrados"’, como a offshore Fairfamily Foundation, mantida pelo operador nas Bahamas. De acordo com o advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende o operador, no depoimento do dia 16 Mário Miranda ‘respondeu a todas as perguntas e enfrentou as apontadas omissões que, segundo o Ministério Público Federal, justificaram a prisão preventiva". Basto disse que o operador ‘manifestou em seu depoimento que abre mão de eventuais valores depositados no exterior e concorda com a repatriação, comprometendo-se ainda a apresentar, quando os bancos enviarem, os documentos da conta da fundação no Banco Heritage que deram origem à movimentação para a instituição nas Bahamas".

Entre as contas de valores ilícitos repatriados e já postos à disposição das autoridades pelo operador estão uma mantida no banco suíço Julius Bar, com saldo atualizado em 2 de abril de 2017 no valor de US$ 1.834.682,00 e outra no Credit Suisse, com saldo atualizado em 17 de março de 2017 no valor de US$ 5.449.540,00. De acordo com Miranda, o valor totaliza US$ 7.284.222,00 a ser atualizado. Ainda restaria conferir o "saldo na conta mantida nas Bahamas cujos demais dados desconhece". 

Nenhum comentário: