O empreiteiro corrupto e propineiro José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, prestou nesta terça-feira (5) depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura se empresas do setor portuário pagaram propinas a Michel Temer. Segundo pessoa com acesso às investigações, ele confirmou que foi cobrado pelo coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente, a fazer um pagamento de R$ 1 milhão. O valor seria uma contrapartida à subcontratação da empreiteira para executar serviços de um contrato da Eletronuclear com empresa ligada a Lima. Os recursos teriam sido destinados à campanha de 2014. Alvo da Lava Jato, Antunes tentou em 2016 um acordo de delação com o Ministério Público Federal, mas as tratativas não prosperaram. Agora, negocia uma colaboração com a própria Polícia Federal, o que poderia reforçar algumas das teses da investigação sobre portos. O empresário falou durante a tarde, na sede da corporação, em Brasília. O teor do depoimento é mantido em sigilo. Declarações pregressas dele já haviam sido usadas para embasar a operação Skala, que prendeu o coronel e outros aliados a Temer em março.
O empresário corrupto e propineiro sustenta que Lima só conseguiu o contrato com a estatal, controlada pelo MDB, por causa do vínculo com Temer. Alega que que foi necessário subcontratar a Engevix porque a empresa ligada ao coronel não tinha capacidade para executar os serviços. Os investigadores suspeitam que parte dos recursos recebidos pelo coronel, provenientes da Eletronuclear, tenham beneficiado o presidente, inclusive por meio de reformas em imóveis de sua família. O contrato com a Eletronuclear, de R$ 162 milhões, foi firmado em 2012, para a elaboração de projetos da usina de Angra 3. A multinacional AF Consult, com sede na Finlândia, venceu a licitação e, para prestar os serviços, montou uma empresa no Brasil em parceria com a Argeplan Engenharia, que pertence ao coronel. Entre 2012 e 2016, o contrato rendeu R$ 55,2 milhões à filial brasileira. Este empresário José Antunes Sobrinho gostava de exibir sua intimidade com o ex-senador petista Delcídio do Amaral, em Florianópolis, e é o mesmo que procurou em Porto Alegre o falecido advogado Carlos Araujo, ex-marido da rainha da mandioca, a mulher sapiens Dilma Rousseff, em busca de intermediação de negócio. Isto não deve ser esquecido.
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