quarta-feira, 20 de junho de 2018

Copom decide pela segunda vez seguida manter taxa de juros em 6,5% ao ano

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira (20), pela segunda vez consecutiva, manter a taxa básica de juros em 6,5% ao ano. A decisão já era esperada pelo mercado financeiro. De outubro de 2016 a março deste ano, a chamada Selic foi cortada 12 vezes seguidas e chegou a 6,5%, o menor patamar desde o início do regime de metas para a inflação, em 1999. Na reunião de maio, porém, o Banco Central  decidiu manter os juros em 6,5% ao ano, o que encerrou o ciclo de cortes. A decisão ocorreu em meio à volatilidade no cenário externo que tem causado forte desvalorização do real frente ao dólar. A expectativa dos analistas é de que a taxa permaneça em 6,5% ao ano até o final de 2018. Para o ano que vem, os economistas prevêem elevação da Selic, encerrando 2019 em 8% ao ano. A cada 45 dias, o Copom calibra o patamar da Selic buscando o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2018, a meta central de inflação é de 4,5%. O sistema prevê uma margem de tolerância, para mais ou para menos. Por isso, a meta é considerada formalmente cumprida pelo Banco Central caso fique entre 3% e 6%. Como a Selic é a taxa básica de juros da economia, ela serve como referência para todas as demais taxas cobradas das famílias e empresas. Quando a inflação está alta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito (financiamentos, empréstimos, cartão de crédito), freando o consumo e reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação cai. O Copom reduz os juros quando avalia que as perspectivas para a inflação estão em linha com as metas determinadas pelo Comitê Monetário Nacional. A taxa é mantida quando o Copom identifica o cenário como positivo, mas identifica riscos para o cumprimento da meta de inflação no futuro.

No documento em que comunica sua decisão, o Copom afirmou que a greve dos caminhoneiros, que se estendeu por 11 dias durante o mês de maio, "dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica". "Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação", diz o texto. Com a paralisação dos caminhoneiros, houve falta de produtos em todo o País, o que fez seus preços dispararem. Foi o caso do gás de cozinha e dos combustíveis. O Banco Central avalia que, apesar de impactar a inflação no curto prazo, a greve não chegou a comprometer a perspectiva de crescimento da economia para este ano. Também não elevou o risco de não cumprimento da meta de inflação, que é de 4,5% neste ano.

"O cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual. O Comitê julga que, no curto prazo, a inflação deverá refletir os efeitos altistas significativos e temporários da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos. As medidas de inflação subjacente ainda seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", avalia o Copom.

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