Em relação à política monetária, o Banco Mundial destacou que as taxas de juros baixaram no primeiro semestre no Brasil, o que também ocorreu na Colômbia e Peru, e ressaltou que recentes comunicados dos bancos centrais destes países sugeriram que o ciclo acomodatício pode ter chegado ao fim. A instituição não fez avaliações sobre a evolução recente do IPCA. Para o Banco Mundial, várias nações na América Latina precisam avançar a consolidação fiscal. "A dívida pública do Brasil, por exemplo, alcançou recentemente nível recorde, e a crítica reforma da Previdência Social tem sido adiada até depois da posse da próxima administração no começo de 2019."
Na avaliação do Banco Mundial, riscos para as economias da América Latina e Caribe podem surgir no front externo, com uma abrupta redução do fluxo de capitais e piora do sentimento de investidores, o que poderia levar os bancos centrais de vários países a reverter a política monetária favorável ao crescimento. A instituição multilateral cita que a crise recente da Argentina poderá prejudicar o ingresso de recursos externos ao continente e também a expansão da demanda agregada, o que poderia representar riscos para países com grandes déficits de transações correntes ou "necessidades significativas de ajustes fiscais", destacando neste caso específico o Brasil e a Argentina. Uma redução de preços de commodities também seria um fator negativo para várias nações na região.
O Banco Mundial também aponta que resultados negativos das negociações do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (ALCA) podem impedir o crescimento no México, "ao passo que o protecionismo do comércio por parte dos Estados Unidos e da China poderia ter efeitos negativos para a América Latina e o Caribe." Na avaliação do Banco Mundial, outro risco relevante é a "intensificação da incerteza das políticas", pois o Brasil e o México realizam eleições presidenciais e legislativas no segundo semestre do ano. Segundo a instituição multilateral "atrasos em reformas importantes" podem esfriar a disposição a recuperação do investimento na região.
O Banco Mundial manteve as projeções de crescimento global de 2018 a 2020 realizadas em janeiro, de acordo com o mesmo relatório. A instituição multilateral prevê uma expansão de 3,1% neste ano, de 3,0% em 2019 e de 2,9% no ano seguinte. "O crescimento econômico global permanecerá robusto em 3,1% em 2018 antes de desacelerar gradualmente nos próximos dois anos à medida que o crescimento das economias avançadas desacelerar e a recuperação nos mercados emergentes de exportação de produtos básicos e as economias emergentes ficarem nivelados", destacou a instituição.
O Banco Mundial subiu a previsão de crescimento dos EUA de 2,5% para 2,7% em 2018, aumentou de 2,2% para 2,5% no ano posterior e manteve estável em 2,0% para 2020. Em relação à estimativa do crescimento da China, o Banco Mundial apenas alterou para este ano, pois aumentou de 6,4% para 6,5%, e manteve as projeções de 6,3% para 2019 e de 6,2% em 2020. No caso da zona do euro, a instituição multilateral não fez nenhuma alteração e continuou com a previsão de crescimento de 2,1% para este ano, 1,7% em 2019 e de 1,5% no ano seguinte.
Para o Japão, o Banco Mundial reduziu a projeção de 1,3% para 1,0% em 2018, porém manteve as previsões de alta de 0,8% em 2019 e de 0,5% em 2020. "Se puder ser mantido, o crescimento econômico robusto que estamos presenciando este ano poderá ajudar a tirar da pobreza milhões de pessoas, especialmente nas economias de crescimento rápido da Ásia Meridional", disse Jim Yong Kim, Presidente do Grupo Banco Mundial.
Contudo, para ele, somente a expansão do nível de atividade não será suficiente para reduzir áreas de pobreza extrema em outras regiões do planeta. "Os formuladores de políticas devem enfocar meios de apoiar o crescimento no longo prazo - impulsionando a produtividade e a participação na força de trabalho - a fim de acelerar o progresso rumo à erradicação da pobreza e impulsionando a prosperidade compartilhada."
De acordo com o Banco Mundial, o ritmo de expansão das economias avançadas deverá desacelerar até 2020, pois deve subir 2,2% neste ano, atingir 2,0% em 2019 e alcançar 1,7% no ano seguinte, o que estará relacionado com o processo de elevação de juros por bancos centrais. Para a instituição multilateral, a expansão dos mercados emergentes e de países em desenvolvimento deve atingir 4,5% neste ano, avançar 4,7% em 2019 e também aumentar 4,7% em 2020.
Segundo a instituição, tal ritmo de crescimento ocorrerá com a recuperação das exportações de commodities. Contudo, o Banco Mundial aponta que a velocidade de expansão deste grupo de nações podem enfrentar riscos. De acordo com relatório, avançou a possibilidade de aumento da volatilidade de mercados financeiros e das vulnerabilidade de todos os países no mundo a tais oscilações mais firmes de preços de ativos financeiros.
"Aumentou também o sentimento protecionista do comércio", destacou o Banco Mundial, que subiu avançaram incertezas políticas pelo planeta. O Banco Mundial também destaca que as altas dívidas de empresas pode elevar as preocupações com a estabilidade financeira global. Para Ayhan Kose, diretor de Perspectivas Econômicas do Desenvolvimento da instituição, em países em desenvolvimento, os formuladores de políticas "precisam estar preparados" para enfrentar possíveis casos de forte volatilidade nos mercados financeiros com o avanço da normalização das políticas monetárias em economias avançadas.
"O aumento dos níveis da dívida torna os países mais vulneráveis a taxas de juros mais altas. Isto ressalta a importância de reconstruir amortecedores contra choques financeiros", destacou. Segundo Shantayanan Devarajan, diretor-sênior de Perspectivas Econômicas do Banco Mundial, no longo prazo o declínio previsto no aumento do consumo de commodities pode criar desafios para dois terços dos países em desenvolvimento que dependem da exportação desses produtos. "Isso reforça a necessidade de diversificação econômica e fortalecimento dos mecanismos fiscais e monetários", apontou.
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