O quilômetro 204 da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Seropédica, é um ponto de grande concentração de caminhoneiros no Estado do Rio de Janeiro, na pista em direção a São Paulo. Pelos cálculos dos manifestantes, são cerca de 2.000 veículos parados na beira da estrada e em um terreno de um posto de combustível. O caminhoneiro Antônio Carlos Melo, de 49 anos e 30 de profissão, que mora em Itaguaí, no Rio de Janeiro, disse que o grupo que faz a manifestação naquele ponto da via é independente e não segue orientação de nenhuma representação de classe. “Não tem sindicato nenhum fazendo greve, quem está fazendo greve somos nós, caminhoneiros, que estamos sofrendo. A gente não quer sindicato nenhum aqui. A gente quer é abaixar o nosso oleozinho e aumentar o nosso frete”, disse. Ele criticou também o valor pago em pedágios. “Nós pagamos o ano todo a rodovia, os pedágios. Uma carreta para ir e voltar do Rio para São Paulo paga R$ 826”, contou o motorista, que está na manifestação desde domingo à noite. Ao seu lado, o sergipano Iremar de Lima, de 48 anos e também 30 anos de profissão, fez questão de dizer que não estava em greve e, sim, em uma manifestação. Ele contou que se organizaram por meio de redes sociais e aplicativos, além da comunicação boca a boca. “Nós não temos liderança. São os caminhoneiros que se reuniram para fazer uma paralisação”, indicou.
Também na manifestação, a caminhoneira Walmíria Losaline, de 43 anos e 20 de profissão, não é autônoma. Ela trabalha para uma empresa de transporte de carga de Criciúma. Com o trabalho, passa muitos dias na estrada, e por isso acaba ficando pouco tempo na sua cidade São Lourenço, em Minas Gerais. Walmíria aderiu à paralisação na Dutra após fazer uma entrega de alimentos acondicionados em caixas no Rio de Janeiro. A bauzeira, conforme se chamou, informou que, entre os caminhões parados, há alguns que estão com a carga apodrecendo. “Carga perecível, o nome já diz, é perecível em dois, três dias. Tem peixe, Danoninho, camarão, tem tudo aí dentro”, informou.
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