A Petrobrás disponibilizou nesta quinta-feira o modelo preliminar de parcerias na área de refino, propondo a a realização de parcerias em dois blocos regionais com dimensão relevante no mercado. No Nordeste, incluiria a Refinaria Abreu e Lima (RNEST) e a Refinaria Landulpho Alves (RLAN), e no Sul, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP). Na parceria no Nordeste, a Petrobrás ficaria com participação de 40% e uma outra empresa, com 60%. Os ativos desse negócio seriam, além das duas refinarias (RNEST e RLAN), cinco terminais. A parceria no Sul teria a mesma participação de cada companhia e, além das duas refinarias (REPAR e REFAP), sete terminais. No restante do País, a Petrobras manteria 100% de participação em nove refinarias e 36 terminais.
A busca dos parceiros, segundo a Petrobrás, seria por meio de processo competitivo, com empresas diferentes por bloco. A estatal propõe essa criação de parcerias em blocos geográficos porque, segundo ela, "garante dinâmica de mercado, reduzindo o risco de competição predatória". De acordo com a Petrobras, o modelo mais interessante seria o de pólos integrados, que permitiriam poder de precificação regional; captura da margem integrada; acesso privilegiado ao mercado regional; logística e refino. Segundo a Petrobrás, um modelo com transferência do controle, onde a empresa teria participação minoritária, parece mais atrativo para atingir os objetivos estratégicos. Com a participação minoritária, haveria a inclusão de dois novos operadores no sistema, além de um prêmio de controle com captura positiva para o Ebitda.
O modelo foi apresentado durante o seminário técnico "Reposicionamento da Petrobrás em Refino", que acontece nesta quinta-feira na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Em comunicado publicado praticamente junto com a apresentação no evento, a estatal esclarece que este modelo ainda não conta com a aprovação formal de seus órgãos de governança (Diretoria Executiva e Conselho de Administração). Segundo a empresa, a busca de parcerias na área de refino foi aprovada no Planejamento Estratégico e no Plano de Negócios e Gestão de 2017-2021 e reforçada no PNG 2018-2022. A estratégia visa reduzir o risco da Petrobras, agregando valor na atuação em E&P, refino, transporte, logística, distribuição e comercialização por meio de parcerias e desinvestimentos.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse hoje que é fundamental mudar a dinâmica do setor de refino do Brasil, pois do jeito que está, "não é boa nem para o País nem para a própria Petrobras". Em evento na Fundação Getúlio Vargas para lançar a proposta de reposicionamento da Petrobrás no setor de refino, Parente disse que o objetivo de reduzir a fatia da empresa no segmento para 75% ainda garante à estatal a integração com a cadeia (do poço ao posto). Segundo ele, a queda de participação da estatal no segmento foi o que mais demorou a ser decidido nas discussões internas para preparação do novo modelo. "O modelo apresentado mantém com a Petrobras 75% do refino nacional, assegurando a posição de empresa integrada. Sob o ponto de vista estratégico, (esse ponto) foi o que levou mais tempo na discussão interna", disse Parente.
Segundo ele, manter o refino nas mãos de uma única empresa não é saudável, já que se essa companhia vai mal, o setor também vai mal. "Monopólio não é bom para a empresa e nem para o País", afirmou. Ele destacou que a gestão de portfólio é fundamental para uma companhia como a Petrobrás e que as parcerias já demonstram no setor de exploração e produção e em outros segmentos que fazem bem para a estatal. "Na área do E&P e na área do refino, essa gestão de portfólio para Petrobras é fundamental, como é feito em empresas do mundo inteiro", explicou. Segundo Parente, as parcerias estabelecem indicadores de referência elevados, e que "já entrou no DNA da empresa que as parcerias melhoram a companhia". O executivo destacou ainda que a entrada de parceiros privados no setor de refino pode ajudar a manter os preços dos combustíveis livres.
A Petrobrás passou a reajustar diariamente o preço dos combustíveis em julho de 2017, após anos de uma política de congelamento de preços para não repassar a oscilação do mercado internacional para o bolso do consumidor brasileiro. Parente afirmou que quer trazer para o refino a boa experiência de parcerias que a estatal tem na área de exploração e produção, que as "agregam valor para a Petrobrás". "Essa discussão parte da premissa que nós somos uma empresa integrada de óleo e gás, mas que também sabemos que parcerias são absolutamente fundamentais para agregar valor à empresa", disse Parente. "Não estamos fazendo uma proposta fechada, é um modelo que não está aprovado pela diretoria-executiva e nem pelo Conselho de Administração", informou Parente, ressaltando que a proposta ainda está aberta ao debate e o evento da FGV funcionaria como uma audiência pública para debater o tema.
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