Em Pernambuco, a parceria da Fiat/Jeep com o cartel dos cegonheiros também foi fonte de prejuízo aos consumidores. Só em 2017, as empresas ligadas à organização criminosa que controla o setor faturou R$ 357,5 milhões com o transporte de veículos fabricados naquele Estado do nordeste. A estimativa baseia-se somente no número de veículos da marca emplacados no Brasil de janeiro a dezembro. Ao todo, foram comercializadas 88.185 unidades, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Como o frete praticado pelo cartel é 25% superior ao valores de mercado, conforme levantamento do Ministério Público Federal, o prejuízo aos consumidores no ano passado chegou a R$ 84,3 milhões. A cifra refere-se apenas ao sobrepreço imposto pelo cartel por conta das violações aos princípios que regem a livre iniciativa.
A equação para produzir a tabela acima leva em conta dados informados pelo Ministério Público Federal. O órgão ministerial brasileiro informa que o valor do frete praticado pelo cartel representa 4% do total do preço do automóvel. O Ministério Público Federal também constatou que esse valor é 25% superior ao praticado por empresas que não pertencem ao cartel. O esquema de superfaturamento no preço dos fretes repete o mesmo método praticado nas plantas da Volkswagen. Através da prestação de serviços para a montadora alemã, o cartel dos cegonheiros faturou, em 2017, R$ 604,7 milhões. Com esse monopólio em operação, as perdas para os consumidores da marca Volkswagen ultrapassaram a cifra de R$ 151,1 milhões. Em 17 anos, o Ministério Público Federal apontou em Ação Civil Pública que o prejuízo causado pelo cartel aos consumidores de todas as marcas chegou aos R$ 7,7 bilhões. O cálculo é considerado conservador, mas mostra o tamanho das cifras envolvidas nesse mercado bilionário. O prejuízo considera apenas o sobrepreço do valor dos fretes praticados pelo cartel.
Cegonheiros pernambucanos que lutam contra a cartelização do setor apontam outros danos causados pela organização criminosa cujas empresas concentram mais de 95% dos fretes realizados no País: perda de arrecadação de impostos por parte dos Estados fora do eixo São Paulo/Minas Gerais e ameaça à segurança pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário