sexta-feira, 27 de abril de 2018

Cartel dos cegonheiros causou prejuízos de R$ 151 milhões aos consumidores da Volkswagen em 2017


A falta de concorrência no escoamento da produção foi um dos principais fatores que levou mais de 271 mil consumidores que adquiriram veículos da Volkswagen do Brasil a arcar com um prejuízo de R$ 151,1 milhão ao longo de 2017. Outro motivo foi a confissão judicial do alinhamento da montadora alemã à organização criminosa que controla o setor de transporte de veículos novos, comandada por empresas antes associadas à ANTV (entidade extinta por determinação da Justiça Federal) e ao Sindicato dos Cegonheiros de São Paulo (Sinaceg), também condenado em 1ª instância por formação de cartel.

O ras que mais vendem veículos no país, o presidente da Volkswagen, Paulo Di Si, denunciado no Ministério Público em São Paulo por associação ao cartel, destacou textualmente: “O aprendizado é ser transparente, seguir as leis de cada país.”  O executivo referiu-se aos escândalos que envolvem a montadora na Europa e nos Estados Unidos. Ele argumentou que é praticamente impossível produzir um veículo com custo menor no Brasil, mas não referiu o prejuízo que os consumidores vêm arcando com o superfaturamento no preço dos fretes. O G1 sequer toca no assunto do cartel que controla o escoamento de 95% do setor no mercado brasileiro.

O prejuízo aos consumidores que optam pela compra de veículos da marca Volkswagen aparece com maior destaque à medida que cálculos são feitos. Do total de unidades emplacadas em 2017, o superfaturamento no valor pago a título de frete mostra um custo a maior da ordem de R$ 12,5 milhões por mês. A montadora repassa integralmente esses valores ao consumidor. Tomando-se por base o preço médio do Gol, em sua versão mais barata, o prejuízo equivale a 3.978 veículos novos. A cada dia, o consumidor da marca Volkswagen é penalizado em R$ 484.599,00, o equivalente a 12,7 veículos modelo Gol.


Em dezembro do ano passado, a Volkswagen do Brasil ingressou com pedido de liminar na justiça de São Bernardo do Campo (SP) visando à desobstrução da fábrica, paralisada por movimento grevista. Segundo a montadora, cegonheiros filiados ao Sinaceg e agregados às transportadoras Transauto, Tegma, Brazul, Transzero e Dacunha, rebelaram-se contra o BID (cotação de preços) em andamento na Volkswagen para a contratação de novos transportadores. Assim que a liminar foi expedida, a própria montadora anunciou acordo com os mesmos agentes. Na petição, a montadora afirmou ser vítima do cartel, que impede o exercício da livre concorrência e cobra fretes mais caros que outras empresas do setor.

A investigação do Ministério Público Federal revelou dois dados importantes. O primeiro é que aproximadamente 4% do valor final do veículo novo produzido por montadoras no País equivale ao custo do transporte até o consumidor final. O segundo é que a falta de concorrência no setor de transporte de veículos novos impede a redução de 25% do valor total do frete, pago pelo consumidor a mais, sem o menor conhecimento, a partir da implantação do chamado sistema CIF (frete embutido no preço do veículo). (Livre Concorrência)

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