O Ministério da Agricultura decidiu interromper temporariamente a produção e certificação sanitária de produtos de aves da BRF exportados do Brasil para a União Europeia a partir desta sexta-feira, em mais um revés para a maior exportadora de carne de frango do mundo. A medida afeta 10 fábricas da companhia nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná e Goiás. A BRF tem no Brasil 35 unidades produtivas. A BRF é a maior produtora de carne de frango do mundo e dona das marcas Sadia e Perdigão.
A suspensão ocorre depois de a BRF ter sido alvo de uma nova fase da operação Carne Fraca da Polícia Federal, no início do mês e em meio a discussões sobre mudança de gestão da companhia. Às 12h09, as ações da companhia recuavam 2,65%. No pior momento, mais cedo, chegaram a cair 6%, voltando a se aproximar de mínimas desde 2011. Segundo a BRF, os produtos já alocados na União Europeia ou produzidos e embarcados antes de 16 março podem ser comercializados e utilizados sem restrições na União Européia. A BRF informou que embarcou 278 mil toneladas de aves e produtos processados para a Europa no ano passado. A companhia não detalhou quanto desse total teve origem nas fábricas brasileiras.
De acordo com um analista de uma grande corretora do País, em termos de volume, a suspensão afeta menos do que 5% do volume total da BRF, assim não teria um impacto expressivo na companhia, mas vem em um momento em que a BRF tem necessidade de expandir margens e reduzir endividamento. Técnicos do Ministério da Agricultura vão se reunir na próxima semana em Bruxelas com as autoridades sanitárias das União Europeia para prestar esclarecimentos técnicos. Após a reunião, a medida será reavaliada, disse a BRF. No mercado há avaliações de que se trata de uma medida para evitar ações mais drásticas e duradouras pela União Europeia, até que o Brasil e o bloco se reúnam na próxima semana. A decisão, contudo, pode fazer a empresa redirecionar produtos para outras regiões e se demorar para ser suspensa poderá desequilibrar a relação de oferta e demanda de aves nesses mercados.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a avicultura e a suinocultura do País, espera que o Ministério da Agricultura encontre uma solução imediata e efetiva para a retomada das exportações da BRF para a União Europeia. "O governo brasileiro precisa e deve esclarecer rapidamente a questão. O País não pode ceder às ameaças que colocam em risco milhares de empregos e as empresas do nosso setor", afirmou a entidade em nota, destacando que o país exportou mais de 5 milhões de toneladas de carne de frango apenas nos últimos 10 anos.
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