O juiz federal Marcelo Bretas atendeu ao pedido do Ministério Público Federal e converteu a prisão temporária do presidente afastado do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, em prisão preventiva. Com a decisão do magistrado, Nuzman não tem mais prazo para deixar a cadeia. No mesmo despacho, Bretas também determinou a prorrogação da prisão temporária de Leonardo Gryner, ex-executivo do Comitê Rio-2016, por mais cinco dias.
Carlos Nuzman e Gryner são investigados pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro por supostamente terem intermediado um pagamento de 2 milhões de reais a Lamine Diack, presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), que, em troca do dinheiro, votaria pela candidatura do Rio a sede da Olimpíada de 2016 e influenciaria outros membros africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI) a fazer o mesmo.
Conforme as apurações, o pagamento foi feito a Papa Massata Diack, filho do dirigente, pelo empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur”, cujas empresas chegaram a ter 3 bilhões de reais em contratos com o governo do Rio de Janeiro durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Alvo da primeira fase da Unfair Play, assim como Nuzman, Soares vive em Miami e é considerado foragido pelas autoridades brasileiras.
Na decisão, em que afirma que a prisão preventiva do dirigente é “indispensável”, Marcelo Bretas concordou com a argumentação dos procuradores de que, em liberdade, Nuzman poderia atuar para embaraçar as investigações.
Além da possível obstrução de Justiça apontada pelo juiz, Bretas ainda entende que o presidente do COB teria, por meio de uma declaração retificadora à Receita Federal, tentado dar aparência legal a bens adquiridos ilegalmente. Na nova declaração ao fisco, após ser alvo da primeira fase da Operação Unfair Play, Carlos Nuzman informou a posse de 16 barras de ouro de um quilo cada, mantidas em um cofre em Genebra, Suíça. O MPF afirma que ele poderia manter no país europeu valores ainda maiores do que o estimado em ouro.
Marcelo Bretas cita na decisão e-mails que, conforme os investigadores, mostram uma tentativa de Carlos Nuzman de usar dinheiro do Comitê Organizador das Olimpíadas do Rio para pagar 5,5 milhões de reais ao escritório do advogado criminalista Nelio Machado, que defende o cartola criminalmente. “Ao que parece, Carlos Nuzman estaria utilizando recursos do Comitê Olímpico Brasileiro – COB para fazer face a despesas pessoais, já que o advogado Nélio Machado o representa pessoalmente nos processos criminais em curso neste Juízo”, pontua o juiz federal.
Ao concluir as determinações sobre Nuzman, Bretas diz que, em se confirmando as suspeitas do MPF sobre Nuzman, “estaremos diante de graves delitos de organização criminosa e de lavagem ou ocultação de ativos”.
No despacho, o magistrado também impõe ao COB e ao comitê Rio-2016 que forneçam, em um prazo de 24 horas, a íntegra do conteúdo da caixa de e-mails de Maria Celeste de Lourdes Campos Pedroso. Ex-funcionária do COB, ela recebeu mensagens de Papa Diack com cobranças pelos pagamentos combinados com Carlos Nuzman e Leonardo Gryner.
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