sexta-feira, 30 de junho de 2017

Temer discutiu sucessão da PGR em jantar com Gilmar Mendes


O jantar na residência do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, com a presença do presidente Michel Temer teve como cardápio a lista tríplice de nomes para substituir o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na conversa, segundo participantes, houve o consenso de que Temer deveria escolher um nome da lista, para não desrespeitar o Ministério Público, e que Raquel Dodge era um excelente nome.

O encontro não está registrado na agenda de Temer. Ele e Gilmar são amigos de longa data e não foi a primeira vez que ambos participam de jantar. O presidente da República já foi em outros encontros na residência de Gilmar. A sucessão de Jantot tomou "apenas parte da conversa", segundo um dos participantes. O ministro Gilmar Mendes, nos bastidores, nunca escondeu elogios a Raquel Dodge e, confirmada a indicação, disse a interlocutores que ela é "uma boa escolha". Na conversa, o presidente comentara apenas que gostaria de antecipar a indicação _ o que fez no dia seguinte. A ideia é apressar a sabatina de Raquel Dodge, para já passar a ideia de que Janot está em final de mandato e não teria mais tanta força. Janot deixa o cargo em setembro.

Crítico aberto ao atual momento do Ministério Público, Gilmar é contra a existência de lista tríplice. Mas, neste caso, o Planalto seguiu a lista, embora não tenha cumprido a tradição dos governos petistas de escolher o mais votado. A Associação Nacional dos Procuradores da República, que tem entre dirigentes pessoas mais próximas à Raquel Dodge, declara que o nome deve ser um dos três. Mas não passou despercebido o fato de que Temer escolheu o segundo nome da lista, assim como o governador do Maranhão, Flávio Dino, o fez em 2016, quando escolheu o segundo para chefiar o Ministério Público estadual. Ele é irmão de Nicolau Dino, que travou bate-boca com Gilmar no julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE.

Além da sucessão na PGR, também a reforma política também foi tema durante o jantar. Estavam presentes Temer, os ministros Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil). Gilmar tem se reunido com parlamentares e com os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir o assunto. Os parlamentares irão aprovar um arremedo de reforma política até setembro, um ano antes da eleição de 2018. 

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