A chinesa State Grid e a estatal Eletrobras mobilizaram sete empreiteiras para recuperar o tempo perdido nas obras de construção de um enorme linhão de ultra-alta tensão que vai conectar a hidrelétrica de Belo Monte ao sistema elétrico do Brasil, disseram as empresas. As estruturas de transmissão, com mais de 2 mil quilômetros e orçadas em R$ 4,5 bilhões, precisam estar prontas em fevereiro de 2018 para evitar que a megausina no Pará tenha problemas para enviar sua produção até as regiões de maior consumo de eletricidade, principalmente no Sudeste.
A preocupação está focada nos primeiros dois trechos do linhão, que têm avançado lentamente. O CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), que reúne autoridades da área de energia do governo, tem atribuído a culpa pelos problemas ao mau desempenho da empreiteira chinesa SEPCO1, que havia sido originalmente contratada para a construção desses lotes. "Com relação ao trecho 1, entraram cinco novas empresas... e duas no trecho 2... dessa forma, será possível concluir os trabalhos dentro do cronograma", disse em nota a Belo Monte Transmissora de Energia, empresa criada por State Grid e Eletrobras para tocar o empreendimento.
Segundo um relatório da BMTE, o trecho 1 do linhão possui avanço de 77% na concretagem de torres estaiadas e de 60% nas torres autoportantes, um trabalho já praticamente concluído nas outras sete partes da obra. No içamento de torres estaiadas e na montagem de torres autoportantes, o trecho 1 avançou apenas 51% por cento e 32%, respectivamente. No trecho 2, também com atraso, essas etapas foram 59% e 41% concluídas, enquanto nos demais seis lotes do empreendimento tais tarefas já estão completas. No lançamento de cabos, o trecho 1 avançou somente 11% dos trabalhos, contra 27,5% no trecho 2 e avanços de 62% a 100% nos demais lotes.
A BMTE disse que a SEPCO1 agora contará com apoio das empresas E&I do C, Procel, CAZ, Alumini e Planova no trecho 1. No trecho 2, entrarão as empresas FN Crespo e Tabocas. Em um documento enviado à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a empresa apresentou expectativa de entrar com solicitação junto ao Ibama ainda neste mês para obter a licença ambiental de operação, exigida para a efetiva entrada em funcionamento da linha. Segundo esse cronograma, o Ibama deverá fazer uma vistoria no empreendimento quando este tiver entre 80% e 90% das obras concluídas para então emitir um parecer técnico e liberar a licença, o que poderia acontecer em novembro.
Em outubro de 2016, o desempenho da SEPCO1 no linhão já estava na mira das autoridades brasileiras, que se preocupavam com um atraso na conclusão do empreendimento. Um possível atraso aumentaria problemas já previstos para o escoamento da energia de Belo Monte. O governo brasileiro estima que a hidrelétrica terá a geração limitada do final deste ano até a conclusão do linhão da BMTE, devido à crise financeira da espanhola Abengoa, que abandonou antes do final a construção de uma linha que ligaria Belo Monte ao Nordeste. Belo Monte, que será uma das maiores hidrelétricas do mundo quando concluída, em 2019, já tem colocado máquinas em operação, mas a capacidade da rede para receber essa energia sem reforços na transmissão é limitada. A usina está orçada em mais de R$ 30 bilhões.
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