A Justiça dos Estados Unidos confirmou as suspeitas em relação ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e manteve seu nome entre os dirigentes esportivos que teriam recebido propinas em 2014, quando Del Neto assumiu a entidade. A conclusão faz parte da nova versão do indiciamento da Justiça americana no caso envolvendo dirigentes esportivos da Fifa. Datados de 14 de junho, os documentos representam a primeira atualização no processo, que começou em maio de 2015. Para investigadores, a volta das menções a Del Nero após dois anos deve ser interpretada como confirmação de que ele está no radar da Justiça e que pode ser preso se deixar o Brasil. Em nota explicativa, a Justiça dos Estados Unidos aponta que foram excluídos dos trechos de acusação dirigentes que fecharam acordos de delação ou que, como Del Nero, estão em países que não extraditam suspeitos. O documento se concentra no julgamento que começa em novembro envolvendo José Maria Marin, Juan Napout e Manuel Burga.
A concentração do documento no caso de Marin — em prisão domiciliar nos Estados Unidos — não significa, no entanto, que as suspeitas sobre Del Nero foram abandonadas. Fontes do FBI explicaram que, depois de dois anos de investigações, o inquérito avançou nas suspeitas sobre o atual presidente da CBF e, por isso, seu nome foi citado. No que se refere à Copa América, os americanos apontam que o contrato de direitos de TV envolvia 317 milhões de dólares (1,03 bilhão de reais), com validade até 2023. Ainda que os torneios sob investigação sejam os mesmos de 2015, os investigadores indicam que os detalhes sobre propinas a Del Nero mereceram mais destaque na nova versão da ação. Ele é apresentado como um dos co-conspiradores, ao lado de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.
O documento traz novos detalhes de como funcionaram os acordos entre empresas e dirigentes para a venda de direitos. No que se refere à Copa América, os americanos apontam que o contrato de direitos de TV envolvia 317 milhões de dólares (1,03 bilhão de reais), com validade até 2023. Nessa conta estaria o pagamento de “dezenas de milhões de dólares de propinas” a doze dirigentes, entre eles Del Nero. “Em vários momentos, Marin, Del Nero, Teixeira e outros solicitaram e receberam propinas em troca de apoio” para contratos de transmissão de jogos, aponta a investigação.
Foi revelado ainda que parte dos pagamentos ocorreu a partir de contas secretas na Suíça, num total de 13 milhões de dólares (42,3 milhões de reais). Outros três pagamentos foram realizados entre junho e setembro de 2013 e distribuído entre os cartolas. “Propinas foram subsequentemente distribuídas para dirigentes da Conmebol”, aponta.
Em relação à Libertadores, as revelações indicam que esquemas de corrupção foram montados até nos Estados Unidos. “Em vários momentos, Marin, Del Nero, Teixeira e outros solicitaram e receberam propinas em troca de apoio” para contratos de transmissão de jogos, aponta a investigação. Del Nero foi arrolado na Copa do Brasil, em trama envolvendo ele, J. Hawilla e Marin. “Hawilla concordou em pagar metade do custo de propinas e distribuir entre Marin, Teixeira e Del Nero”, diz o documento.
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