O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, autorizou o leilão da casa do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) em Mangaratiba, no sul-fluminense. O imóvel foi avaliado em R$ 8 milhões. O magistrado também homologou a alienação antecipada do iate Manhattan Rio e de três automóveis que estão em nome do ex-governador peemedebista e da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, a "Garota do Leblon", chamada por ele de "Riqueza"..
No total, os bens a serem leiloados estão avaliados em R$ 12,5 milhões. O pedido de alienação antecipada dos bens, que inclui ainda uma motoaquática e um barco de pequeno porte, havia sido feito pelo Ministério Público Federal e foi autorizado por Bretas no último dia 22. Os procuradores haviam pedido o leilão das jóias do casal, mas, o juiz não deliberou sobre a questão e aguarda a avaliação das peças em mãos para tomar uma decisão.
"Quanto ao imóvel, ainda que se defenda que o valor de mercado não se reduz com tanta facilidade, a medida também é autorizada pela Lei de Lavagem de Dinheiro, tendo em vista que a dificuldade para manutenção é inegável, uma vez que o casal proprietário está custodiado pelo Estado, sem poder dispensar os devidos cuidados à casa. Portanto, a alienação antecipada proposta é adequada e proporcional ao caso em concreto", escreveu Bretas na decisão.
O iate Manhattan Rio está avaliado em R$ 4 milhões, e os três automóveis, em R$ 436 mil. A lancha estava no nome de uma empresa de Paulo Fernando Magalhães Pinto, apontado como laranja de Sérgio Cabral. Ele firmou acordo de delação premiada e confirmou que a embarcação era usada pelo ex-governador e que também pagava o aluguel de uma sala comercial usada por Sérgio Cabral.
"Entendo que tanto automóveis quanto embarcações são bens facilmente depreciáveis com o simples passar do tempo, perdendo valor de mercado, ainda que bem cuidados e com manutenção em dia", escreveu o juiz ao autorizar o leilão e nomear Renato Guedes como leiloeiro.
O ex-governador foi preso em novembro do ano passado na Operação Calicute. A ex-primeira-dama "Riqueza" está em prisão domiciliar em seu apartamento mansão no Leblon. Cabral foi condenado pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a 14 anos e dois meses de prisão, enquanto Adriana foi absolvida. O peemedebista responde ainda a outros dez processos na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Bretas também autorizou o leilão de dois carros apreendidos com o ex-secretário de Obras Hudson Braga. Os veículos foram avaliados pela Justiça em R$ 263.900 — R$ 159 mil é o valor da caminhonete Mitsubishi Pajero, enquanto o Toyota Corolla será posto à venda por R$ 104.900,00. A Justiça ainda aguarda a avaliação de joias apreendidas com Braga para decidir se elas também serão leiloadas.
O juiz justificou a decisão de leiloar os bens de Sérgio Cabral e Hudson Braga, antes mesmo da expedição das sentenças dos processos em curso, com base na rápida deterioração no valor dos automóveis. O dinheiro arrecadado será usado para "salvaguardar a restituição aos cofres públicos de eventual produto ou proveito de crime". A Justiça também determinou a venda de dois carros de Wagner Jordão, apontado pelo Ministério Público Federal como operador de Braga no esquema de corrupção: um Volvo XC60, avaliado em R$ 123 mil, e um Audi Q3, que teve o preço estipulado em R$ 120 mil, em um total de R$ R$ 243 mil. Em seu depoimento a Bretas, Jordão confessou participação no esquema e chorou. A Justiça aguarda ainda a avaliação de bens que pertencem ao ex-secretário de Governo, Wilson Carlos, preso em Curitiba, e aos operadores Carlos Miranda, Luiz Carlos Bezerra e Ary Ferreira da Costa Filho, para decidir se haverá leilão.
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