O ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, afirmou ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, que avisou Marcelo Odebrecht algumas vezes sobre o “volume insano” de movimentações financeiras realizadas pela empreiteira. “Vai dar problema um dia ou outro”, disse o executivo ao patrão. O depoimento do delator foi no âmbito na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra a chapa Dilma/Temer, reeleita em 2014. Ao contar sobre como temia pela segurança dos funcionários do setor responsável por efetuar pagamentos para agentes públicos de várias nacionalidades e em diversas praças bancárias do mundo, o executivo afirmou ter brigado muitas vezes com seus superiores por causa de solicitações para pagamentos em alguns países “impossíveis”. Dentro da estrutura do setor, disse Mascarenhas, Fernando Migliaccio gerenciava o trabalho das secretárias Angela Palmeira e Maria Lúcia Tavares, responsáveis por acionar o operadores que efetuavam os pagamentos em espécie no Brasil. Luiz Eduardo Soares, o Luizinho, seria o nome por trás das grandes operações no exterior. Como exemplo, o delator relatou um pagamento 20 milhões de dólares solicitado para ser entregue em Angola. “O senhor não faz uma operação de 20 milhões de dólares nesse mundo hoje. No mundo hoje, o senhor não faz. Então o senhor tem que criar vários caminhos para fazer esses pagamentos”, afirmou, ao detalhar as manobras financeiras utilizadas pelo setor. O delator citou a utilização de fundos de investimentos e transações entre contas dentro do mesmo banco e depois entre contas da mesma pessoa em bancos diferentes para que o dinheiro chegasse até o agente público sem despertar suspeita do compliance dos bancos. “Porque nós tivemos problemas de o banco chamar e dizer assim: tire a sua conta daqui, porque você está fazendo essa conta pagamentos diversos e eu sou um banco private”, contou. “O Luiz Eduardo vivia muito nisso, entendeu? Identificar novos bancos”, completou.
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