terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Partido Trabalhista inglês dá o braço a torcer e admite que Brexit é irreversível

O líder trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, afirmou nesta terça-feira (10) que a livre circulação de trabalhadores europeus não é uma condição necessária às negociações do "Brexit", a saída do Reino Unido da União Européia. É a primeira vez que o Partido Trabalhista, a principal oposição no país, faz tal afirmação. A movimentação dentro do bloco europeu é um dos temas mais delicados do processo de divórcio, aprovado em plebiscito em 23 de junho, e que a esquerda inglesa não admitia até agora. Pois passou a admitir, porque viu que a vontade popular inglesa é indobrável.
 

Corbyn tenta, com isso, aproximar-se dos milhões de eleitores que apoiaram o "Brexit" no referendo. O Partido Trabalhista é criticado por não oferecer uma visão clara sobre como será o processo. O Partido Trabalhista é historicamente favorável à integração na União Européia (a tradição da esquerda, diretamente influenciada pelo comunismo, é de pregação do internacionalismo), mas foi relativamente escanteado durante as discussões do último ano em torno da saída do bloco. Há diversas questões em aberto, para além da livre circulação de trabalhadores. Não está claro, por exemplo, se o Reino Unido permanecerá no mercado comum europeu, que hoje agrega 500 milhões de consumidores. É improvável que o Reino Unido consiga manter-se no mercado comum se ameaçar a movimentação de pessoas. Ambos são considerados pilares da União Européia. E foi esta diretriz esquerdopata que permitiu a invasão da Europa por milhões de islâmicos. O líder trabalhista afirmou, durante seu discurso na cidade de Peterborough, que seu partido apóia um controle "razoável" da migração no bloco. Peterborough votou a favor do "Brexit" no referendo de junho. A migração foi justamente um dos temas centrais durante a campanha pelo "Brexit". A aprovação da saída do do bloco foi entendida pelos políticos locais, de certa maneira, como sendo um voto contrário à migração. Em sua declaração nesta terça-feira, Corbyn rejeitou a idéia – por vezes defendida entre políticos britânicos – de repetir o referendo de junho passado. Essa era a idéia dominante entre esquerdistas ingleses. Ele referiu-se também ao "preocupante crescimento nos crimes motivados pelo ódio e na divisão que temos visto nos últimos meses". O tema da migração, disse, é utilizado no discurso político para intimidar as minorias. 

O processo de separação entre Reino Unido e União Européia só terá início após a ativação do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que pode ocorrer até o fim de março. A premiê Theresa May afirmou no domingo (8) que vai definir a estratégia da saída durante estas semanas. Ela vem sendo atacado pela demora em oferecer um plano claro. O governo é, ademais, desafiado por ações na Justiça pedindo que o Artigo 50 seja acionado pelo Parlamento, e não pela primeira-ministra. A decisão dos juízes é esperada para em breve e poderia atrasar todo o cronograma. Assim que o Artigo 50 for acionado, as negociações devem começar oficialmente e tomar cerca de dois anos. O Reino Unido poderia deixar a União Européia, portanto, apenas em meados de 2019.

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