A FDN (Família do Norte), facção terrorista criminosa apontada como responsável pela morte de 60 detentos no último dia 1º, no Amazonas, tem "conexões estreitas" com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, organização terrorista e traficante de cocaína). As informações foram levantadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal no Amazonas. Segundo investigações, a facção usava essas conexões para comercializar drogas e comprar armamento pesado para ser usado no Brasil. A FDN é considerada a terceira maior facção criminosa do Brasil, atrás do CV (Comando Vermelho) e do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ela atua, primordialmente, na região Norte e tem o controle das principais rotas de escoamento de drogas na região da tríplice fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru. A conexão entre a FDN e as Farc foi apontada pelo Ministério Público Federal nas denúncias contra as principais lideranças da facção brasileira à Justiça Federal no âmbito da Operação La Muralla, que atingiu integrantes da facção em 2014. Segundo denúncias feitas pelo Ministério Público Federal no Amazonas, o peruano Nelson Flores Collantes, conhecido como "Acuario", é apontado pelas investigações como um dos elos da FDN com as Farc, sobretudo com o braço peruano da organização. Para o Ministério Público Federal, a "proximidade de Acuario" com as Farc "facilitou seu acesso a diversos armamentos" vendidos a integrantes da FDN. Mensagens de texto interceptadas pela Polícia Federal em 2015 mostram Collantes negociando armas como fuzis AK-47 e submetralhadoras Uzi (de fabricação israelense) com Geomison de Lira Arante, um dos principais integrantes da FDN. Nas mensagens, Collantes deixa claro que as armas seriam entregues a integrantes da facção na cidade peruana de Santa Rosa, na fronteira com o Brasil. Em outra troca de mensagens interceptada pela Polícia Federal, um dos principais líderes da facção, João Pinto Carioca, o "João Branco", diz a Geomison que as armas compradas de "Acuario" devem ser usadas nas "missões" da facção na região, referindo-se ao transporte da droga adquirida na Colômbia e no Peru para o Brasil. Geomison, então, concorda. "Vou botar nas viagens essas armas mano porque tá foda esses leproso no rio", diz uma das mensagens interceptadas. Segundo o Ministério Público Federal, a preocupação da FDN era com o roubo de carregamentos de drogas por "piratas" que atuam no rio Solimões. Em outra conversa, "João Branco" chegou a enviar uma foto de um lançador de foguetes comprado pela facção. A parceria entre as Farc e facções criminosas no Brasil é antiga. Durante décadas, a organização terrorista comuno-narcotraficante colombiana foi apontada como fornecedora de armas e drogas para quadrilhas ligadas ao tráfico de entorpecentes no Brasil. A parceria mais conhecida é a aliança entre a chamada "Frente Primeira" das Farc e o Comando Vermelho, facção com a qual a FDN está associada. Apesar de as Farc e o governo colombiano terem anunciado um acordo de paz nos últimos meses, dissidentes narcotraficantes ligados à "Frente Primeira", que atuaria em boa parte da fronteira do Brasil com a Colômbia, se recusaram a aceitar os termos do acordo. Entre os dissidentes está Gentil Duarte, antigo membro da cúpula das Farc que foi designado para conduzir a frente rumo ao processo de paz, mas que acabou se juntando aos dissidentes.
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