O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro-todo-poderoso e bandido petista mensaleiro José Dirceu, foi fisgado pela Operação Lava Jato. O parlamentar é investigado pela prática dos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. O inquérito, que está em segredo de Justiça e será conduzido pela Polícia Federal em Brasília, foi instaurado no último dia 18 de outubro a partir de uma decisão proferida pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos do Petrolão do PT no Supremo Tribunal Federal. De acordo com os investigadores da Lava Jato, a Hope Recursos Humanos pagou para José Dirceu e seus aliados propinas de 1,5% dos contratos assinados com a Petrobras. A empresa faturou 3,5 bilhões de reais com a diretoria de serviços da estatal — que era comandada pelo petista Renato Duque, preso em Curitiba e apaniguado do ex-ministro da Casa Civil. Parte do dinheiro desviado, segundo procuradores, foi direcionado à campanha de Zeca Dirceu à Câmara dos deputados em 2010. Naquele ano, o parlamentar recebeu uma doação de 10 000 reais de Raul Andres Ortuzar Ramirez, diretor da Hope Recursos Humanos. A Procuradoria Geral da República suspeita que esses recursos foram descontados da conta dos pixulecos da Hope destinados a José Dirceu. Durante as buscas e apreensões realizadas nos escritórios da empresa Hope Recursos Humanos, no Rio de Janeiro e em São Paulo, foram encontrados documentos que indicam que “doações eleitorais para a campanha de José Carlos Becker de Oliveira e Silva (conhecido como Zeca Dirceu) à Câmara dos Deputados foram originárias dos ajustes espúrios envolvendo as contratações direcionadas da empresa Hope Recursos Humanos com a Petrobras (através da atuação do então Diretor de Serviços Renato Duque) e que se revelaram como um meio de branquear a propina decorrente desse esquema”. Para esclarecer os fatos, a Polícia Federal deverá ouvir até o fim deste ano o deputado federal Zeca Dirceu e representantes da Hope Recursos Humanos, além do lobista Milton Pascowitch, que delatou o esquema de pagamentos de propinas que encheu os bolsos do ex-ministro petista. Se for denunciado e considerado culpado, Zeca Dirceu poderá pegar até 27 anos de prisão. José Dirceu foi condenado em maio pelo juiz Sergio Moro a 23 anos de reclusão. Pai e filho, que hoje estão separados, poderão voltar a dividir o mesmo espaço.
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