sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Polícia Federal prende no Senado Federal membros da Polícia Legislativa que bloqueavam investigações da Lava Jato

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira a Operação Métis para apurar atividades de contrainteligência dentro da Polícia Legislativa do Congresso Nacional. O objetivo da ação é desarticular associação criminosa armada responsável por embaraçar a Operação Lava-Jato, entre outras investigações, informou a Polícia Federal em nota. Segundo as investigações, integrantes da Polícia Legislativa estariam obstruindo as investigações da Lava-Jato por meio de ações como varreduras em residências de senadores para saber se eram alvo de escuta autorizada judicialmente. "Foram obtidas provas de que o grupo, liderado pelo Diretor da Polícia do Senado, tinha a finalidade de criar embaraços às ações investigativas da Polícia Federal em face de senadores e ex-senadores, utilizando-se de equipamentos de inteligência", disse a Polícia Federal: "Em um dos eventos, o Diretor da Polícia do Senado ordenou a prática de atos de intimidação à Polícia Federal, no cumprimento de mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal em apartamento funcional de Senador".
 

A Polícia Federal cumpre nove mandados judiciais em Brasília, sendo quatro de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, um deles nas dependências da Polícia do Senado. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal do Distrito Federal. A Justiça Federal determinou a suspensão do exercício da função pública dos policiais do Senado envolvidos. Os mandados se restringem a integrantes da Polícia Legislativa, ou seja, não envolvem parlamentares. A Polícia Federal informou ainda que não está cumprindo mandados em residências ou gabinetes de parlamentares. Os investigados são acusados de associação criminosa armada, corrupção privilegiada e embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa.  O nome da operação - Métis - faz referência à deusa da proteção, com a capacidade de antever acontecimentos. A operação da Polícia Federal no Senado decorreu da delação premiada de um policial, fechada com a Procuradoria-Geral da República em meio a investigações de senadores envolvidos na Lava-Jato. O policial relatou aos procuradores supostas ações de contrainteligência da Polícia Legislativa em favor de parlamentares, que estariam obstruindo as apurações da Lava-Jato. Como a Procuradoria Geral da República só apura fatos envolvendo pessoas com foro privilegiado, os pedidos de investigação contra integrantes da Polícia Legislativa foram remetidos à Procuradoria da República no Distrito Federal, instância competente para isso. As investigações envolvendo senadores suspeitos de obstruir os trabalhos do Ministério Público e da Polícia Federal, porém, permanecem na Procuradoria Geral da República e podem resultar em novas operações.

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