segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Morre o cineasta polonês Andrzej Wajda


O renomado diretor polonês Andrzej Wajda morreu neste domingo, em Varsóvia, após uma curta doença, aos 90 anos de idade. Mais conhecido diretor cinematográfico do seu país, Wajda ganhou um Oscar honorário por sua carreira e foi vitorioso no Festival de Cannes, com a Palma de Ouro, por "O homem de ferro", de 1981. Jovem que serviu no movimento de resistência polonesa na Segunda Guerra Mundial, Wajda despontou em 1955 com o longa-metragem "Geração", sobre a resistência durante a guerra, e recebeu sua primeira aclamação séria em 1957, com "Kanal", sobre um grupo de combatentes da resistência que tenta fugir após a revolta de Varsóvia através do esgoto. Duros e realistas, os filmes prefiguraram uma de suas grandes obras, "Cinzas e Diamantes", de 1958, sobre um assassino anti-comunista. A história da Polônia sob o jugo da União Soviética foi a base para dois de seus trabalhos mais aclamados: "O homem de mármore" (1977) e o "O homem de ferro", que retratou o famoso movimento sindical Solidariedade do país e contou com um herói da vida real no elenco: o sindicalista Lech Walesa (ele voltaria ao personagem em 2013 na cinebiografia "Walesa"). Por causa de restrições do governo polonês, Wajda foi obrigado a emigrar para a França, onde viveu até a queda do Muro de Berlim em 1989. Durante o exílio em Paris, ele dirigiu “Danton - o processo da revolução” (1983), estrelado por Gerard Depardieu. Quando voltou à Polônia, foi eleito para o Parlamento e nomeado diretor do teatro de Varsóvia. Assim como Ingmar Bergman, na Suécia, Wajda se destacou tanto no cinema quanto na atividade teatral. Em seu livro "Double Vision", escrito em meados dos anos 80, Wajda lamentou a falta de interesse por filmes poloneses no Ocidente. Mas, em seu país natal, ele foi considerado como um dos seus mais importantes artistas. Vários dos seus filmes nunca foram lançados nos Estados Unidos, onde ele nunca gozou da popularidade dos compatriotas Roman Polanski e Krzysztof Kieslowski. 








Em 2013, o diretor se mostrava animado em relação ao cinema de seu país: "Eu avalio com otimismo a situação do cinema polonês. Hoje são realizados muitos filmes que levantam temas atuais, sem que isso restrinja reconstituições históricas. De vez em quando aparecem filmes que jamais teriam a chance de ser realizados nos tempos mais pesados da censura comunista". O último filme de Wajda, "After image" (que está sendo exibido no Festival do Rio de Janeiro), tinha sido recentemente escolhido como representante da Polônia para a disputa de melhor filme de língua estrangeira do Oscar. Ele conta a história real do pintor polonês Wladyslaw Strzeminski, que se recusou a se dobrar à ideologia oficial do governo, mesmo quando ameaçado. Wajda está entre os principais homenageados da 40ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que acontece entre o dia 20 e 2 de novembro, com uma retrospectiva de 17 filmes, entre os quais "Geração", "Kanal", "O homem de mármore", "O homem de ferro", "Danton" e "Walesa".

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