A dívida pública federal encerrou o mês de julho em R$ 2,956 trilhões. O número equivale a uma redução de 0,07% em relação ao apresentado em junho, quando o estoque foi de R$ 2,958 trilhões. A divulgação dos dados da dívida de julho ocorreu com mais de um mês de atraso por conta da greve dos servidores do Tesouro. Eles se mobilizaram após os auditores fiscais da Receita Federal terem conseguido, além de um reajuste salarial, um bônus por eficiência. Historicamente, essas duas categorias têm tido tratamento similar em negociações salariais. Os servidores do Tesouro conseguiram negociar com o governo o aumento salarial, mas sem benefícios extras. Os dados de agosto ainda não têm data para serem divulgados. A expectativa do Tesouro Nacional é que, neste ano, a dívida pública fique entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões. A queda do estoque de julho foi puxada por um recuo de 0,20% da dívida interna, resultado de um resgate líquido no valor de R$ 33,5 bilhões, compensado parcialmente por uma apropriação positiva de juros no valor de R$ 27,7 bilhões. Já a dívida externa teve um aumento de 2,97% em razão de uma emissão líquida ocorrida no período, de R$ 1,9 bilhão, e de uma apropriação positiva de juros de R$ 1,69 bilhão. A maior parte da dívida é composta por papéis prefixados (vinculados a taxas definidas na compra), que representam 35,23% do total. Em seguida estão os títulos atrelados a índice de preços (34,25%) e à taxa flutuante (26,16%). Todos eles estão fora do intervalo previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF), definido no início do ano e que fixa qual é o comportamento desejado pela equipe econômica para a composição da dívida. Ele prevê, por exemplo, que os títulos prefixados ficarão, neste ano, entre 31% e 35% do total. Os papéis vinculados ao câmbio estão dentro do intervalo previsto (entre 3% e 7%) e representam 4,36% do total. A maioria dos papéis está nas mãos de fundos de previdência, 24,36%. Em seguida, entre os principais detentores, estão instituições financeiras (22,85%), fundos de investimento (21,22%) e estrangeiros (16,23%). O número de títulos nas mãos de não residentes voltou a cair em relação ao mês anterior. Em relação a dezembro do ano passado, a participação desabou: naquela época os estrangeiros detinham 18,79% da dívida interna. O percentual de títulos que devem vencer nos próximos meses teve um leve aumento: passou de 20,44% em junho para 20,61% em julho. Para o Tesouro, o ideal é que esse percentual seja o menor possível, uma vez que uma dívida mais longa é melhor para o governo. Esses valores, no entanto, são afetados por fatores sazonais, já que há épocas do ano em que há mais vencimentos de um determinado tipo de papel. O prazo médio de todo o estoque da dívida pública aumentou, o que é um bom indicativo de qualidade, e foi de 4,55 anos em junho para 4,62 anos em julho. A vida média – índice calculado utilizando a literatura internacional, para fins de comparação com outros países – passou de 6,46 anos para 6,54 anos. O custo médio, outro medidor de qualidade da dívida, foi de 13,80% ao ano para 13,33% ao ano. Neste caso, uma queda é um indicador positivo porque significa que o governo pode oferecer taxas menores do que em períodos anteriores e, mesmo assim, os investidores têm tido interesse.
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