O BNDES teve prejuízo de R$ 2,2 bilhões no primeiro semestre de 2016, o primeiro desde 2003. No primeiro semestre de 2015, o banco teve lucro de R$ 3,5 bilhões. De acordo com a instituição, “o resultado foi consequência, principalmente, de despesas com provisões, tanto da carteira de crédito e repasses quanto da carteira de participações societárias”. Em outras palavras, o risco de calote cresceu — devido à crise econômica — e o banco teve que prever possíveis perdas futuras com as fatias societárias que tem nas empresas. Analistas já esperavam resultado negativo no semestre justamente por essas razões. Segundo comunicado do BNDES, as provisões alcançaram R$ 9,588 bilhões no primeiro semestre, bem mais que o R$ 1,635 bilhão em igual período de 2015. O banco não cita empresas específicas, mas dados do balanço mostram que houve um forte impacto da Oi, na qual o BNDES detém 4,63%. "O BNDES sempre foi conservador em sua análise de crédito e nas garantias requeridas. Nós vínhamos recebendo críticas que, comparados a outros bancos, não vinhamos provisionando tanto dada a características do momento. No primeiro semestre de 2016, a economia se deteriorou bastante principalmente pela incerteza afetando a política econômica. O que fizemos foi seguir a orientação do 2682 do Banco Central, que diz que as garantias de crédito impactam na percepção de risco, logo impacta na provisão", afirmou Vânia Borgerth, superintendente da área de Controladoria do BNDES. O valor contábil da tele foi reduzido de R$ 229,5 milhões em junho de 2015, para R$ 73,4 milhões em junho de 2016. Uma queda de 67,9%. Além disso, o BNDES é credor da empresa, com dívida de R$ 3,3 bilhões. A Oi pediu recuperação judicial em junho e teve prejuízo de R$ 2,3 bilhões no primeiro semestre. Vânia explicou que, quando uma empresa entra em recuperação judicial, o banco é obrigado a provisionar a dívida da empresa no seu balanço, mas ressaltou que é feito um ajuste de acordo com as garantias do empréstimo. No caso do BNDES, isso foi feito basicamente por duas razões. Uma delas é o chamado impairment ou baixa contábil. O banco é acionista de várias empresas por meio de seu braço de participações, a BNDESPar. Quando as ações de uma empresa caem ou se espera que o valor dos papéis será menor no momento de uma possível venda futura, é necessário fazer um ajuste no valor contábil. Foi o que aconteceu com a Oi. Desde o ano passado, a grande vilã vinha sendo a Petrobras. As provisões para baixas contábeis somaram R$ 5,150 bilhões no semestre. A outra razão para as provisões foi a revisão do rating (risco de crédito) das empresas que tomaram empréstimo do banco. A despesa com provisão para risco de calote atingiu R$ 4,438 bilhões no primeiro semestre do ano — no mesmo período de 2015, havia sido de R$ 480 milhões. Segundo o banco, isso reflete “o cenário econômico brasileiro desfavorável nos primeiros seis meses do ano”.
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