quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Lance mínimo no leilão de privatização do Aeroporto Salgado Filho será de R$ 2,5 bilhões


O leilão para concessão por 25 anos para a administração, investimentos de ampliação e exploração dos serviços do Aeroporto Salgado Filho terá duas etapas bem distintas para os interessados: 1) R$ 729 milhões (valor mínimo) para ter direito à concessão; 2) compromisso de investimentos de R$ 1,6 bilhão, o que inclui a ampliação da pista atual. O edital não preverá qualquer casamento com o projeto de construção do novo aeroporto, o 20 de Setembro, a ser construído em Portão. O processo de privatização do Aeroporto Salgado Filho encontra uma poderosa limitação pela frente que a difícil, quase impossível, operação de ampliação da pista principal de aterrissagens e decolagens. Esse trabalho seria necessário para rentabilizar a operação do aeroporto, permitindo maior capacidade de carga nas aeronaves. Ocorre que, para ampliar a pista, seria necessária a remoção de no mínimo um milhão de toneladas de lixo que se encontram no terreno em continuidade à pista, onde operou o aterro (lixão) da zona norte. Ali estão enterradas cerca de 15 milhões de toneladas de lixo. Só para se ter uma idéia do que isso representa, Porto Alegre produz, por dia, cerca de 1.300 toneladas de lixo, que são transportadas para o aterro sanitário de Minas do Leão, a 118 quilômetros da capital, que pertence à empresa Revita, do Grupo Solvi, pertencente ao empresário lixeiro Carlos Leal Vila. Ele é atualmente o mais poderoso empresário do ramo do lixo no Brasil. E o ramo do lixo é completamente cartelizado. Além disso, o ramo lixeiro tem intensa ligação com a corrupção política e até com o tráfico de cocaína. Retirar um milhão de toneladas de lixo da área (o aterro chega a alcançar a cota de seis metros de altura em alguns pontos, além de ter dois mesões, um com 18 metros de altura, e um segundo com 9 metros de altura) é uma tarefa quase impossível, devido ao gigantesco custo (com o transporte do lixo e sua deposição no aterro da Sil em Minas do Leão (do grupo Solvi). E é também impossível construir no local sobre essa camada de lixo, porque é fofa e também porque produz muito gás. Portanto, sempre que falam de ampliação do aeroporto Salgado Filho estão contando ou uma mentira, ou uma verdade pela metade. A verdade é que o Aeroporto Internacional Salgado Filho é limitadíssimo em suas alternativas futuras. Para comprovar que os empecilhos para as obras de prolongamento da pista são enormes basta citar que existe um processo movido pelo Ministério Público Estadual, transitado em julgado, na 3ª Vara da Fazenda Pública, em Porto Alegre, processo nº 001/1.05.0285837-4, que determina que a Prefeitura de Porto Alegre promova a remediação ambiental da área. O lixo da capital gaúcha foi colocado durante muitos anos sobre o solo nú, sem qualquer proteção, desse enorme charco que cerca a área do Aeroporto Internacional Salgado Filho. A remediação ambiental demandará não somente a remoção de grande parte do lixo ali depositado, em cota mínima de quatro metros de altura, como também a remoção de camada de terra do subsolo, que está profundamente contaminada pela infiltração de chorume durante décadas. O solo retirado precisará de tratamento especial para sua recuperação. 

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