Testemunha da Operação Boca Livre, Katia dos Santos Piauy, auxiliar administrativa e financeira do grupo Bellini Cultural em 2014, apontou fraudes praticadas pelo conglomerado investigado pelo desvio de R$ 180 milhões em projetos da Lei Rouanet. O depoimento foi dado à Polícia Federal em 30 de junho, dois dias após da deflagração da Operação Boca Livre. Nele, Katia Piauy cita, entre as fraudes, a falsificação de recibos de doação de livros produzidos por meio de isenção fiscal. Para forjar os documentos, segundo ela, o grupo teria a ajuda da Academia Latino-Americana de Artes (ALA), dirigida pelo empresário Fábio Porchat, pai do humorista do Porta dos Fundos. Entre os conselheiros da associação está Antônio Carlos Bellini, presidente do grupo Bellini.
Piauy, que fez três projetos culturais e captou R$ 647,6 mil, afirma no texto da Polícia Federal que "tinha conhecimento que Bellini, por possuir muitos contatos no meio artístico e cultural, conseguiria tais comprovantes". Entre elas estaria a ALA, que "fornecia a Bellini essas declarações falsas de que teria recebido livros". Quanto aos livros que deveriam ser doados, Piauy disse que "tem conhecimento de que um grande número de exemplares encontravam-se abandonados na sede do escritório das empresas (Avenida Giovani Gronchi, Morumbi) e na Fazenda (São João da Boa Vista)". Ela relata, ainda, que a Bellini superfaturava valores de serviços gráficos de livros. De acordo com o depoimento, "o grupo Bellini se utilizava sempre da gráfica Mazer" e Felipe Vaz Amorim, filho de Antonio Carlos Bellini Amorim, presidente do Grupo Bellini Cultural, "não concordava com a utilização de outras gráficas ainda que com custos menores". À Polícia Federal, Katia Piauy afirmou ainda que, entre as fraudes do grupo, estavam contrapartidas dadas às empresas patrocinadoras.
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