O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) avisou a aliados que renuncia ao cargo de presidente da Câmara se o Palácio do Planalto conseguir unificar partidos como o PSDB e o DEM em torno de um nome chancelado por ele e seus aliados para sucedê-lo no comando da Casa. O deputado, que está afastado do mandato e do cargo pelo Supremo Tribunal Federal desde o dia 5 de maio, externou sua posição pessoalmente ao presidente interino, Michel Temer, na reunião que teve com ele no último domingo (26). Após a conversa, Temer se mobilizou pessoalmente para fazer valer a demanda de Cunha e destacou alguns de seus principais ministros para a tarefa de convencer o bloco liderado pelos tucanos a não se opor a um acordo com os aliados do deputado. Com essa movimentação, líderes do PSDB passaram os últimos dias reunidos com siglas aliadas, como o DEM, o PSB e o PPS, na tentativa de fechar uma posição única. Dessas conversas de cúpula emergiu a proposta de uma trégua em torno do nome que será lançado agora para substituir Eduardo Cunha desde que, em 2017 — quando haverá nova eleição para a presidência da Câmara para um mandato de dois anos —, o PMDB, partido de Temer e do deputado afastado, apóie o candidato lançada por esse grupo de legendas para o cargo. Não há, entretanto, consenso entre os deputados que integram essas bancadas. Alguns integrantes do PSDB, por exemplo, têm dito que, se o partido de fato decidir não lançar um nome para se contrapor ao indicado pelos aliados de Eduardo Cunha agora, irão expor a divergência. Esse grupo avalia que o partido não pode se submeter ao desgaste de qualquer vinculação com Eduardo Cunha, nem mesmo em nome de um aceno a Temer ou da próxima disputa pelo comando da Casa, em 2017. Os nomes da sigla mais próximos ao Planalto, no entanto, têm argumentado que é preciso "poupar" o presidente interino de uma disputa fratricida na Câmara enquanto ainda não há desfecho do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Há ainda um desconforto com a sinalização de que, se fecharem um acordo em torno de um nome para substituir Eduardo Cunha após a renúncia, o acerto se estenda à Comissão de Constituição e Justiça, que avalia um recurso do deputado afastado para reverter decisão do Conselho de Ética que recomendou a cassação de seu mandato. A avaliação dos aliados de Eduardo Cunha é que ele só conseguirá escapar da cassação do mandato com a renúncia e uma vitória na Comissão de Constituição e Justiça. Para isso, o deputado precisaria do voto de no mínimo 33 deputados (a comissão tem 66 integrantes). Nas contas de integrantes do colegiado, no entanto, Eduardo Cunha só teria hoje no máximo 20 votos. No recurso que apresentou à Comissão, Eduardo Cunha elenca uma série de aspectos técnicos que teriam sido desrespeitados pelo Conselho de Ética, numa tentativa de circunscrever o debate à seara das formalidades, fugindo das polêmicas políticas. Em meio às negociações, o deputado afastado adotou como regra negar publicamente qualquer articulação ou tendência à renúncia.
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