quinta-feira, 28 de julho de 2016

Laudo da Polícia Federal afirma que o poderoso chefão Lula orientou reformas de R$ 1,2 milhão no sítio de Atibaia


Um laudo produzido pelo setor de perícia da Polícia Federal aponta convincentes indícios de que o poderoso chefão da Orcrim petista, ex-presidente Lula, e a sua mulher, a galega italiana Marisa Letícia, orientaram reformas feitas no sítio em Atibaia (SP) frequentado pela família do petista. Segundo os peritos da Polícia Federal, as obras na propriedade rural começaram a ser projetadas em setembro de 2010 e tiveram início em novembro de 2010, quando o poderoso chefão Lula ainda exercia o seu segundo mandato na Presidência da República. Os trabalhos no sítio prosseguiram até outubro de 2014 e custaram ao todo R$ 1,2 milhão, de acordo com a avaliação da perícia da Polícia Federal. As obras no sítio em Atibaia custaram mais de R$ 1 milhão segundo fornecedores de materiais e serviços ouvidos pelo Ministério Público de São Paulo e interlocutores de uma construtora que trabalharam na obra. Investigadores concluíram, segundo o documento, que a primeira parte das obras, realizadas no fim de 2010 e ao longo de 2011 tiveram a participação da Odebrecht por meio do engenheiro da empresa Frederico Barbosa, o mesmo que conduziu as obras do estádio do Corinthians em São paulo, o Itaquerão. Ele foi o responsável pela condução dos trabalhos no local. A Polícia Federal elaborou uma planilha reunindo as 19 reformas feitas no sítio. A mais barata foi a demolição de uma construção antiga, no valor de R$ 1,8 mil, e a mais cara a instalação da cozinha gourmet, com custo estimado de R$ 252 mil. Ao analisar a instalação de equipamentos de cozinha no sítio, o laudo aponta que a "execução foi coordenada por arquiteto da empreiteira OAS, Sr. Paulo Gordilho, com conhecimento do presidente da OAS, Léo Pinheiro, e com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa, conforme identificado nas comunicações do arquiteto da empreiteira e de Fernando Bittar". O laudo aponta mensagens de texto trocadas entre Léo Pinheiro e Gordilho, nas quais este último se refere à propriedade como "fazenda do Lula" e diz que o assunto deve ser tratado com "sigilo absoluto". "Sigilo absoluto hein. Amanhã vou em um churrasco em Atibaia com o Léo (Pinheiro) na fazenda do Lula e vamos encontrar com ele na estrada e vou passar o dia com ele e D. Mariza", diz o arquiteto da OAS em comunicação interceptada pelos investigadores. Em outra mensagem, Gordilho diz que "ele (Lula) quer uma coisa e Mariza outra. Lá vai eu e eu Léo dar opinião". Posteriormente, dá a entender que a visita ao sítio de Atibaia foi concluída. "Bebemos eu e ele (Lula) uma garrafa de cachaça da boa Havana mineira e umas 15 cervejas", escreveu. As mensagens interceptadas indicam que as despesas de compra e instalação da cozinha no sítio e em um triplex em Guarujá(SP) foram lançadas em um centro de custos da OAS denominado "Zeca Pagodinho". "Vamos abrir centros de custos: 1o. Zeca Pagodinho (sítio) 2° Zeca Pagodinho (praia)", escreveu o arquiteto para Pinheiro. Posteriormente, Gordilho informa o dono da OAS que o proprietário do sítio no papel, Fernando Bittar, "aprovou junto à Dama (Mariza Letícia), os projetos tanto de Guarujá como do sítio", recebendo como resposta "manda bala". A perícia traz uma foto de Lula que foi tirada no sítio e foi obtida em uma mídia pertencente a Gordilho, segundo a Polícia Federal. O laudo também traz notas de materiais entregues no sítio e que foram pagos por terceiros. Entre os produtos está uma porta de correr adquirida por Paulo Henrique Moreira Kantoviz em fevereiro de 2011 por R$ 5.950, segundo nota apreendida. Na época, Lula já frequentava a propriedade. Kantovitz é engenheiro da Odebrecht. A perícia indica que no período específico entre 2010 e 2011 o dono do sítio no papel, Fernando Bittar teria gasto cerca de R$ 1,7 milhão com a compra da propriedade e reformas. Porém, os rendimentos declarados por Bittar nas declarações de imposto de renda, nesses dois anos, são incompatíveis com os gastos apurados no sítio, de acordo com o laudo. O relatório será analisado pela força-tarefa da Lava Jato que decidirá se denunciará ou não o ex-presidente por benfeitorias de empreiteiras realizadas no sítio de Atibaia pelo crime de lavagem de dinheiro por meio de ocultação de patrimônio. 

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