Pouco menos de uma semana após renunciar à presidência da Câmara, o deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) voltou à Casa nesta terça-feira para fazer pessoalmente sua defesa durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça dedicada a analisar os recursos apresentados pela defesa do peemedebista contra o pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética. Eduardo Cunha classificou o processo contra ele como "político" e avisou seus colegas: “Hoje sou eu. Vocês, amanhã”. Ele disse ainda que há 117 deputados e 30 senadores alvo de inquérito e afirmou que os parlamentares contra os quais pesam investigações “não sobreviverão” caso a palavra da acusação seja considerada sentença. Mais uma vez a sessão foi encerrada sem que os recursos fossem analisados. O presidente do colegiado, deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-SC) agendou uma nova reunião para as 9h30 desta quarta-feira. Embora réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, Eduardo Cunha atribui o processo de cassação contra ele a fatores políticos. “Foi um processo político que começou com a minha eleição em primeiro turno, em que derrotei o candidato da presidente afastada e em que derrotei o candidato da oposição”, afirmou. Ao afirmar que os procedimentos adotados pelo Conselho de Ética feriam o regimento interno da Casa, Eduardo Cunha alertou para o que classificou como “precedente perigoso”. Em referência a uma peça publicitária de uma marca de vodca veiculada no Brasil nos anos 80, o peemedebista afirmou: “Hoje, sou eu. É o efeito Orloff: vocês, amanhã”. A investida de Eduardo Cunha na Comissão de Constituição e Justiça visa anular a aprovação de seu pedido de cassação e devolver o processo ao Conselho de Ética. O colegiado é formado por 66 deputados e, para que seu pleito seja atendido, ele precisa do aval de 34 congressistas. A CCJ se reuniu para votar o parecer do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), aliado de Eduardo Cunha que defendeu que o processo retorne ao Conselho de Ética. Na ação, Eduardo Cunha apontou para uma série de irregularidades na tramitação de seu processo no conselho. O esforço principal do peemedebista era para reverter a votação que pavimentou a aprovação de sua cassação – e foi justamente esse o ponto acatado por Fonseca. “Todos sabem, até os meus mais ferrenhos adversários nesta Casa, da minha familiaridade com o Regimento desta Casa. Nenhum desses pontos seria por mim negado monocraticamente em sede de recurso, se me fosse pedido por outro deputado”, afirmou Eduardo Cunha sobre as questões negadas pelo relator. Antes de Eduardo Cunha, seu advogado Marcelo Nobre afirmou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal caso Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Casa, vote no recurso de seu cliente na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.
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