O que seria um centro esportivo de elite no Sudeste, pensado para a Olimpíada do Rio de Janeiro, é hoje uma área de 162 mil metros quadrados praticamente abandonada em Campinas (90 km de São Paulo). A 19 dias do início da Rio-2016, o local anunciado em 2006 com verbas federais até hoje não está pronto. A proposta era que a estrutura fosse usada para treino de atletas com foco para a Olimpíada. Em outubro de 2006, o então ministro do Esporte, o comunista Orlando Silva, chegou a arriscar uma previsão: "Quem sabe não saia daqui do centro olímpico de Campinas um campeão". O Cear (Centro Esportivo de Alto Rendimento) está em completo abandono. Lixo e mato alto dominam quatro quadras de tênis. As piscinas são constantemente invadidas por vizinhos, de acordo com funcionários, e as arquibancadas estão mal conservadas. O ginásio poliesportivo, as estruturas para vôlei, basquete e handebol, o restaurante e a acessibilidade classificada como "medalha de ouro" citados no site oficial da Rio-2016 só existem no mundo virtual. Não há nenhum sinal dos equipamentos. O valor anunciado para construção do Cear, R$ 30 milhões, seria liberado pelo governo federal, com contrapartida da prefeitura. Em 2009, o centro chegou a ser parcialmente inaugurado com quadras de tênis, piscina e pista de atletismo. De 120 casas antigas no local, onde antes era uma fazenda, 78 estão em ruínas, com partes do telhado e do teto caídas. Segundo a Prefeitura de Campinas, ainda não há prazo para que o projeto inicial seja concluído. A obra do ginásio foi contratada em 2010 com orçamento de R$ 14 milhões, mas foi embargada por problemas na construção. Em 2011 o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo julgou a concorrência e a contratação da empresa irregulares. A única estrutura que realmente funciona é o complexo de atletismo, onde treinam 70 atletas profissionais da equipe Orcamp/Unimed (braço esportivo do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima, que custeia o atletismo no Cear) e cerca de 200 jovens do projeto social da entidade.
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