A Transpetro, subsidiária da Petrobras para a área de transportes, decidiu renegociar contratos do programa de renovação da frota criado por Sergio Machado, delator da Operação Lava Jato. Citados pelo ex-presidente da Transpetro como fonte de recursos ilegais para políticos, estaleiros contratados pelo programa de renovação de frota da companhia passam por graves dificuldades financeiras. Até agora, foram entregues 14 dos 47 navios contratados. Outros 13 tiveram os contratos rescindidos por problemas durante as obras ou atraso na entrega. A Transpetro não detalha o processo de renegociação, que será anunciado oficialmente nos próximos dias, mas deve levar a mais cancelamentos. De acordo com a companhia, neste momento, dez embarcações estão em obras. "Os contratos referentes aos demais navios estão sendo negociados", disse a Transpetro, em nota. Em seu balanço do ano passado, a subsidiária da Petrobras informa que já gastou R$ 5,5 bilhões com a compra dos navios. As encomendas motivaram abertura de três estaleiros no Brasil: Atlântico Sul (EAS) e Vard Promar, no Recife, e Rio Tietê, em Araçatuba (SP). A perspectiva de cancelamento assusta, principalmente, o EAS, símbolo da reconstrução da indústria naval. O estaleiro entregou 7 dos 10 navios de seu primeiro contrato. No momento, finaliza os três restantes e tenta manter outros 12 encomendados. Controlado pelas construtoras Camargo Correa e Queiroz Galvão, o EAS vem acumulando prejuízos. Em 2015, foram R$ 200,8 milhões. Atualmente, opera com cerca de 3.000 empregados – quase um quarto do pico dos 11 mil do início da década. Outros que têm encomendas são o Vard Promar e o Rio Tietê, contratado para construir 20 comboios hidroviários para transportar etanol. O Vard Promar entregou três navios para transporte de gás e ainda tem cinco em obras – dois contratos foram cancelados. Seu controlador, o grupo italiano Fincantieri, disse no balanço de 2015 que seus resultados foram "severamente afetados pelos desafios operacionais" no Brasil. O Estaleiro Rio Tietê entregou três comboios hidroviários, que são compostos por quatro barcaças e um empurrador, e finaliza o quarto. As obras dos 16 restantes foram suspensas até outubro, quando as empresas vão rediscutir os cronogramas.
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