O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, afirmou "ter confiança" de que o novo governo federal "não irá, de maneira nenhuma, obstruir" as investigações da operação. "Mais do que isso, acreditamos que vai tentar alterar o quadro institucional para prevenir esse quadro de corrupção sistêmica", declarou Moro. O magistrado discursou ao receber uma homenagem da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) na noite desta quarta-feira (1º), em Curitiba. Quando falou do novo governo, Moro se dirigiu ao ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Fábio Medina Osório, que estava no evento. "Considerando as suas qualificações, temos a confiança de que o senhor será um parceiro nesse tipo de trabalho." Osório, posteriormente, afirmou que a Lava Jato "é uma nova referência para o País". Segundo o ministro, a força-tarefa tem atuado "a serviço do interesse público" e "derrubado ataques de escritórios de advocacia poderosos". Osório também prometeu agir em parceria com a força-tarefa, e disse que irá buscar "uma aproximação com as instituições fiscalizadoras", mas não detalhou quais seriam essas ações. Moro lembrou ainda que é preciso mudar as instituições para que elas funcionem de maneira mais eficaz, "para combater essa criminalidade que nos perturba e entristece". Como exemplo, citou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que mudou a interpretação da lei e determinou que a pena deve ser cumprida a partir da decisão de segunda instância. Moro declarou que "não raramente" passou por "momentos de tensão" durante os mais de dois anos de Lava Jato – a operação foi iniciada em março de 2014. O juiz lembrou de "ataques pessoais" contra ele e de servidores que vêm trabalhando "com grande desgaste pessoal". Ele agradeceu ao apoio dos colegas e de sua família, e foi chamado por outros magistrados de "um ícone do judiciário".
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