A Petrobras vai adotar o modelo de gestão compartilhada na venda de parte da BR Distribuidora. A idéia é manter o controle da empresa, mas atrair sócios que possam ter autonomia na gestão de áreas da subsidiária da estatal. Isso é completamente errado, porque o negócio era vender a empresa inteira. Por que o Estado deve ser dono de postos de gasolina? Isso é inexplicável e inaceitável. A operação será semelhante à modelagem adotada pelo governo petista, estatizante, na venda de ações do BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil. A venda da BR Distribuidora, já aprovada pelo conselho de administração da Petrobras, faz parte da política de desinvestimento da estatal para reduzir seu pesado endividamento no mercado. A estatal tem uma dívida de R$ 450 bilhões. A empresa vem registrando seguidos prejuízos, depois de obter lucro de R$ 23,57 bilhões em 2013. Nos dois últimos anos, o prejuízo foi de R$ 21,7 bilhões em 2014 e de R$ 34,8 bilhões no ano passado. De acordo com o modelo que está sendo desenhado, uma holding pode ser criada, o que manteria o controle acionário da BR Distribuidora nas mãos da Petrobras. Os novos sócios do negócio deteriam uma parcela minoritária do capital dessa holding. Seriam criadas então unidades de negócio para gerir as áreas da distribuidora. Por exemplo, uma unidade de venda de combustíveis e outra de administração das lojas de conveniência. Veja se é possível, o governo é dono de lojinhas em postos de gasolina. Isso é do arco da velha, coisa bem de Brasil tupiniquim. Nessas empresas, subordinadas à holding, os novos sócios poderiam ser majoritários, tendo liberdade para administrar os negócios em cada uma das áreas de atuação. O novo modelo terá de passar por nova aprovação do conselho da Petrobras. Esse modelo de gestão compartilhada, na avaliação de assessores do presidente Michel Temer eleva o valor de venda da BR, da mesma forma como aconteceu na operação da BB Seguridade, que foi dividida em várias unidades de venda de seguros. Ou seja, o objetivo do novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, é modelar a venda da BR de forma a trazer mais recursos para o caixa da estatal e, também, para melhorar a administração da sua subsidiária. Recentemente, Pedro Parente revelou que a empresa já recebeu três ofertas de compra de participação da BR Distribuidora, que está no programa de venda de ativos da estatal. Parente não é a favor da perda do controle acionário da BR Distribuidora porque também é um burocrata público, com cultura corporativa estatal. Em sua avaliação, a BR faz parte do processo de manter a Petrobras como um braço integrado do setor de petróleo: uma empresa estratégica de exploração e produção de petróleo, refino e venda de combustíveis, o que agrega mais valor à companhia e permite melhorar seu faturamento, evitando estar exposta apenas em uma área. Isso é lorota. Além do elevado endividamento e da crise provocada pela Operação Lava Jato, a Petrobras enfrenta um período de queda no valor do barril do petróleo, o que tem dificultado ainda mais a geração de caixa da empresa.
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