Em seu acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal e homologado pelo relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, citou pagamentos de propina em forma de doações eleitorais oficiais e em dinheiro vivo ao ex-senador e ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), morto em 2014, e ao deputado federal e ex-senador Heráclito Fortes (PSB-PI). O delator diz ter procurado Guerra, "com quem tinha relações antigas", em 2006, para tratar da tramitação no Senado do aumento do limite para endividamento da Transpetro. Segundo Machado, o tucano pernambucano representava um Estado que tinha interesses no Programa de Modernização e Expansão da Frota (PROMEF) da Transpetro, que dependia da flexibilização da dívida da subsidiária da Petrobras. Guerra poderia, deste modo, tentar demover o então senador Heráclito Fortes a não criar mais dificuldades à tramitação da matéria na Comissão de Infraestrutura da Casa, da qual o piauiense era presidente. "Quando o projeto de resolução chegou na comissão de infraestrutura, o Senador Heráclito Fortes, que era o Presidente da Comissão, começou a criar dificuldades; que essas dificuldades consistiam em não pautar o projeto", relatou Sérgio Machado em seu depoimento ao Ministério Público Federal. "O senador Guerra disse que tinha tentado de todas as formas, mas o Presidente da Comissão (Fortes) só poria em pauta com vantagens ilícitas pagas em forma de doação eleitoral", afirma Machado. De acordo com o delator, o tucano "garantiu que o Senador Heráclito Fortes imediatamente poria o projeto em pauta, como de fato ocorreu". Segundo o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Guerra pediu inicialmente três milhões de reais em doações eleitorais, mas depois o acerto ficou em dois milhões de reais, a serem divididos igualmente entre ele e Heráclito Fortes. "No caso do Senador Heráclito Fortes o depoente obteve o pagamento de R$ 500 mil em vantagem ilícita na forma de doações oficiais", diz Sérgio Machado, que afirma ter sido cobrado por Fortes durante a eleição de 2014 a respeito dos outros 500.000 reais. De acordo com Machado, o deputado federal ligava diretamente à Transpetro para fazer as cobranças e deixava recados com sua secretária, chamada Rose. O ex-presidente da subsidiária da Petrobras também detalhou o pagamento ao ex-presidente do PSDB. Machado afirma que o milhão de reais combinado com Sérgio Guerra foi pago em espécie, "do fundo de propinas que administrava, ao longo do ano de 2007".
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