Após seis meses de impasse político, eleitores espanhóis voltaram às urnas neste domingo (26) para eleger seu próximo governo. Com 90% das urnas apuradas, os resultados, porém, apontam para um cenário semelhante àquele que, em dezembro, obrigou esse país a repetir o pleito. O conservador PP (Partido Popular) venceu as eleições elegendo 137 deputados, o que representa um incremento de 14 assentos em relação aos 123 de 2015. O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), em segundo lugar, terá 85 cadeiras, em comparação com as 90 recebidas em dezembro passado. Ou seja, diminuiu de tamanho. O terceiro colocado, a coalizão de esquerda Unidos Podemos terá 71 assentos, no lugar dos 69 que o Podemos havia reunido anteriormente. O partido Cidadãos, que estreou nas eleições de dezembro como um importante ator político, sofreu uma importante derrota no domingo, reduzindo seu número de deputados de 40 para 32. Os resultados surpreendem no país. Pesquisas e analistas apontavam que o Unidos Podemos chegaria em segundo lugar, desbancando o PSOE de sua posição como líder da esquerda. Também surpreende o resultado do PP, a despeito dos escândalos de corrupção. Portanto, as esquerdas levaram um balde de água fria nas suas expectativas. O povo espanhol disse claramente que não quer saber de aventuras populistas, de gastanças fiscais irresponsáveis. Mas, a vitória do PP não significa que o partido governará a Espanha. A formação do governo é um complicado processo, no país, pois é necessário acumular 176 assentos para chegar ao poder — uma cifra que nenhum dos partidos consegue reunir sozinho. Isso significa que as lideranças políticas terão de, mais uma vez, sentar-se e negociar. Diante do mesmo desafio, em dezembro, os quatro principais partidos fracassaram e foi necessário convocar as novas eleições. Entretanto, tirar o poderoso PP do poder e tê-lo na oposição seria algo impensável. Não haveria governo que se sustentasse nas condições do resultado eleitoral. É uma perspectiva desanimadora, e pode ajudar a explicar a baixa participação no pleito, de 69%, uma das mais baixas na história local. O impasse dos últimos seis meses significou a paralisia do Parlamento, um Executivo provisório com poderes limitados, novos gastos com campanhas e o cansaço da população diante de partidos políticos por ora incapazes de chegar a um consenso. Na atual situação, a Espanha não pode renovar seu Orçamento, e o investimento público está congelado. Mariano Rajoy (PP) mantém seu cargo de primeiro-ministro, em exercício, enquanto durar o processo eleitoral. O novo Parlamento deve ser inaugurado em 19 de julho. A partir de então, o rei deve reunir-se com os representantes dos partidos e escolher um deles para tentar formar um governo. Não precisa ser necessariamente do partido mais votado, apesar de essa ser a expectativa. Como ocorreu após as eleições de dezembro, os líderes negociarão entre si para decidir quem será o próximo premier Se quiserem evitar o impasse do último pleito, precisarão chegar a novos acordos. Dois meses depois da primeira tentativa de formar governo, novas eleições poderão ser convocadas. Mas decidir convocar uma terceira eleição, esticando a paralisia do sistema, parece uma das piores soluções.
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