Sob a alegação de enfrentar um mercado retraído em função da crise econômica no País, a Passaredo Linhas Aéreas está demitindo até 300 funcionários, quer devolver seis aeronaves e eliminou rotas de sua malha aérea. Em recuperação judicial, a empresa vai encolher o quadro de empregados em um terço e deixará de voar para Dourados (MS) e Uberlândia (MG). Hoje com 14 aeronaves, a aérea quer encolher e ficar com oito. Para isso, informou negociar a devolução de seis delas. Todas são turboélices da fabricante franco-italiana ATR. A empresa tem descumprido a legislação trabalhista e em alguns casos, não recolhe FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) há mais de um ano, ainda não pagou o dissídio trabalhista deste ano aos seus cerca de 900 empregados e tem adotado fracionamento de salários. Até mesmo o fornecimento de uniforme de trabalho não era regular, segundo funcionários demitidos da empresa nesta semana. Os problemas envolvendo a Passaredo se avolumam nos últimos anos. Em 2012, apresentou um pedido de recuperação judicial, com dívidas superiores a R$ 100 milhões, geradas, conforme a empresa, devido ao alto preço do combustível e à "concorrência desleal" praticada em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), que é sua base. O pedido foi aceito em maio do ano seguinte, mas foram necessárias três assembléias para que fosse aprovado pelos credores. A primeira foi cancelada por falta de quórum e a segunda foi suspensa a pedido de um credor. Já em 2014 a empresa deixou de levar as bagagens dos passageiros em ao menos dois vôos entre Guarulhos e Vitória da Conquista (BA), para poder voar com o tanque mais cheio. A empresa deixou as bagagens para trás por não abastecer seus aviões na cidade baiana. Um piloto e um ex-piloto relataram que a empresa devia à fornecedora local - a Passaredo apenas disse que o valor cobrado no aeroporto era três vezes superior ao de outros locais. No mesmo ano, a Justiça do Trabalho de Ribeirão Preto condenou a empresa a pagar integralmente os salários dos funcionários até o quinto útil dia do mês, o que não ocorria. Nesse período, o Sindicato Nacional dos Aeronautas também fez reuniões com a companhia aérea após receber denúncias de descumprimento da legislação trabalhista e de segurança de voo. A Passaredo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as medidas de contenção estão sendo tomadas em função do cenário econômico do país e da retração de mercado que o setor da aviação comercial está sentindo. Segundo a empresa, a readequação da malha aérea está sendo feita há seis meses, com redução de oferta de voos e, por isso, "está redimensionando seu quadro atual de colaboradores, reduzindo o número de funcionários através da concessão de licenças remuneradas e de rescisões de contratos de trabalho".
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