Condenado no último mês a 20 anos de prisão no esquema de desvios na Petrobras, o período de calvário que o ex-ministro e bandido petista mensaleiro José Dirceu (Casa Civil, governo Lula), conhecido como "guerreiro do povo brasileiro" pelos petistas, terá que enfrentar, alvo de processos da Operação Lava Jato, está longe do fim. Novas frentes de investigação sobre a rede de influências que o petista mantinha no governo federal, desde 2003, resultarão em mais denúncias criminais da Procuradoria da República. Desde abril, por exemplo, a força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, investiga a atuação de José Dirceu nos negócios do bilionário mexicano Ricardo Salinas. Dono do Grupo Salinas - que inclui a maior rede de lojas varejistas do México (Grupo Elektra), o Banco Azteca e uma emissora de TV e operadoras de telefonia -, o magnata pagou R$ 1,7 milhão para a JD Assessoria. O mexicano é dono da tele Claro, que opera no Brasil e que nasceu em Porto Alegre. O Grupo Salinas chegou ao Brasil em 2008. O poderoso chefão Lula viajou a Recife, capital de Pernambuco, em março daquele ano para receber o bilionário mexicano e discursar na inauguração da primeira unidade do Azteca. A idéia era reproduzir no Brasil o negócio de sucesso criado no México e espalhado para outros países latinos, com apoio do governo e de olho na expansão no mercado consumidor das classes C, D e E brasileiro. As lojas da rede Elektra - que vende eletrodomésticos e móveis - vinham com banco próprio para financiar os compradores. No ano passado, as 35 lojas espalhadas pelo Nordeste quebraram. O Banco Central decretou em janeiro a liquidação extrajudicial do Banco Azteca. Desde então, a atuação de José Dirceu no negócio do Grupo Salinas está sob suspeita. Um grupo de ex-funcionários da Elektra, no Brasil, acionou a Procuradoria da República, em Pernambuco, com pedido de investigação sobre irregularidades no caso e colocando sob suspeita os pagamentos feitos pelo grupo mexicano para a JD Assessoria e Consultoria. A notícia de irregularidades chegou às mãos da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, no final de 2015. Nela, o procurador João Paulo Holanda Albuquerque relata que "o Banco Azteca utilizava as contas dos funcionários e dos clientes para lavar dinheiro sujo, mediante a adoção de procedimento por meio do qual, para cada conta sócio aberta, automaticamente abria-se uma conta denominada Guardadito que seria utilizada para a prática de crimes". A força-tarefa da Lava Jato, que quebrou o sigilo bancário da JD Assessoria - empresa que passou a ser usada por José Dirceu, após ele deixar o governo Lula, em 2005 -, havia identificado o pagamento do Grupo Salinas. Os procuradores de Curitiba apontam que as consultorias do ex-ministro ocultaram propinas da Petrobras e possivelmente de outros contratos. Foi identificado que a JD Assessoria e Consultoria "teria recebido R$ 3,62 milhões em créditos de operações de câmbio". Após informação prestada pelo Banco do Brasil, a força-tarefa identificou as origens de tais recursos. Parte deles, vindos da Elektra del Milenio SA, do Grupo Salinas. José Dirceu foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro - dos processos da Lava Jato, em Curitiba - a 20 anos de prisão. A pena inicial foi de 23 anos, a maior até aqui nos processos do escândalo Petrobras, mas ela acabou sendo reduzida, levando em conta a idade do ex-ministro, que está com 70 anos. Primeiro ministro-chefe da Casa Civil nos governos do PT, José Dirceu foi presidente do partido e principal acusado no escândalo do mensalão. Condenado em 2012 no esquema de compra de apoio parlamentar do governo Lula no Congresso - denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, em 2005 -, ele cumpria pena em regime domiciliar quando foi preso pela segunda vez acusado na Lava Jato. O ex-ministro ainda é investigado em outras frentes na Lava Jato, por recebimentos milionários de empresas de medicamentos e do setor de comunicação e marketing.
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