Depois de passar uma semana escondida, a deputada baiana Tia Eron (PRB) finalmente apareceu nesta terça-feira no Conselho de Ética da Câmara para dar o voto decisivo sobre o parecer que pede a cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com um discurso performático e pontuado por frases de efeito, a até então desconhecida deputada atacou os colegas que a criticaram pelo sumiço - mandou o petista Zé Geraldo (PA) "higienizar a boca" -, voltou a acirrar os ânimos no colegiado, mas manteve o suspense sobre o seu voto. O primeiro frisson foi causado quando Tia Eron, dedo em riste, esbravejou: "Eu respeito todos os presentes aqui. Me surpreendeu os senhores não me procurarem nem sequer citarem meu nome hoje. Entenderam que, de fato, não mandam nessa nega aqui. Nenhum dos senhores mandam", iniciou o pronunciamento. Era uma referência às informações que circularam nos bastidores, segundo as quais seu voto estava em negociação entre aliados de Eduardo Cunha e a cúpula do seu partido, comandado pelo ministro Marcos Pereira (Indústria e Desenvolvimento). Tia Eron elogiou a liberdade concedida por Pereira para que ela vote conforme sua consciência. Depois, ela disparou contra seus críticos, como Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), que ironizou sua falta na sessão anterior: "Não fui abduzida!", cutucou, citando em seguida o pai do parlamentar, que, segundo ela, não teria a tratado da mesma maneira. "Estamos aqui como julgadores, e como tais, a primeira função que este conselho precisa ter é a capacidade de olhar para dentro de si. Se a perdermos, este conselho precisa ser ressignificado. Eu não compreendo como, depois de sete meses, vossas excelências homens não entendem o que é dar à luz, é quase um filho, por isso chamam Tia Eron para resolver os problemas que os homens não conseguiram resolver", disse.
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