Dez senadores investigados em decorrência da Operação Lava Jato votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, enquanto outros três foram contrários. Ao todo são investigados 15 senadores em consequência das investigações desencadeadas pela Lava Jato em inquéritos que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal). Porém um senador se absteve na votação do impeachment, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outro, Jader Barbalho (PMDB-PA), não compareceu à sessão por razões de saúde. A sessão acabou às 6h38min de quinta-feira (12), com a aprovação do impeachment por 55 votos favoráveis e 22 contrários. Havia um 16º senador sob investigação no STF em desdobramento da Lava Jato, Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), mas ele teve o mandato cassado pelo plenário do Senado um dia antes da votação do impeachment. Um 17º senador foi investigado a partir da operação, Antonio Anastasia (PSDB-MG), que é o relator da comissão de impeachment no Senado, porém o inquérito no STF já foi arquivado a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que entendeu não haver indícios mínimos necessários para a continuidade da investigação. Os senadores que são alvo de depoimentos e outras apurações colhidos pela Operação Lava Jato e votaram favoráveis ao impeachment foram Benedito Lira (PP-AL), que já foi formalmente denunciado pela PGR; Ciro Nogueira (PP-PI), Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra (PSB-PE), que foi ministro do governo Dilma, Fernando Collor (PTB-AL), Gladson Camelli (PP-AC), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Os outros que formam o número de dez favoráveis ao impeachment são Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG). Embora seus casos não sejam relatados pelo ministro Teori Zavascki, que atua em todos os processos que tramitam no STF derivados da Lava Jato, ambos passaram a ser alvo de investigação porque delatores da Lava Jato mencionaram seus nomes – sem a Lava Jato, eles não teriam sido investigados. No caso de Aloysio, a suspeita é de pagamento em caixa dois eleitoral para a campanha do senador. A suposta entrega de dinheiro para campanha foi relatado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, em delação premiada. O inquérito tem como relator o ministro Celso de Mello. Em seu discurso na sessão do impeachment, Aloysio, que nega quaisquer irregularidades na campanha, defendeu um fortalecimento da Operação Lava Jato. No caso de Aécio, ele foi acusado pelo delator e ex-senador Delcídio do Amaral de ter se beneficiado de um esquema de corrupção em Furnas, estatal de energia elétrica de Minas Gerais. Outro delator, o doleiro Alberto Youssef, também disse ter recebido informações do ex-deputado José Janene (PP-PR), falecido em 2010, sobre pagamentos realizados por empresas fornecedoras de Furnas. O inquérito sobre Aécio tem como relator o ministro Gilmar Mendes, que foi advogado-geral da União no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). Os senadores que votaram contrariamente à abertura do processo de impeachment e também são alvos da Lava Jato foram Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), que também já foi formalmente denunciada pela PGFR ao lado de seu marido, o ex-ministro do governo Lula, Paulo Bernardo, por suposto recebimento de valores para campanha eleitoral, do doleiro Alberto Youssef, e Humberto Costa (PT-PE). Todos os senadores, em diferentes momentos por declarações públicas ou nos autos das investigações que tramitam no STF, já negaram irregularidades ou recebimento de valores do esquema de corrupção na Petrobras. Sobre as acusações em torno de Furnas, o senador Aécio Neves tem dito que as afirmações de Delcídio e Youssef são infundadas ou "absurdas".
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