Nos diálogos gravados, os dois vão arrolando livremente nomes de políticos e até o STF, como se os seus telefones não tivessem outros ouvidos...
Por Reinaldo Azevedo - Fazer o quê? Os nossos políticos não aprendem. Eu, que não tenho segredo político nenhum, só falo ao telefone coisas que, se ouvidas pela Polícia Federal ou por qualquer abelhudo, não padecem nem do defeito da ambiguidade. Se peço pizza com bastante orégano, deixo claro que é o tempero mesmo, não uma metáfora de maconha… Se encomendo uma salada de alface ao restaurante, esclareço que quero a verdura, não dólares… Chega a ser espantoso que dois políticos experientes, como Romero Jucá e Sérgio Machado, tenham mantido a conversa que mantiveram, metendo, de resto, em suas conjecturas, nomes de terceiros, o que vai excitar a imaginação da tigrada a mais não poder. São personagens do diálogo da dupla, além de Michel Temer, ora presidente da República, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB; Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara. De raspão, citam-se outros senadores e se sugere uma interlocução incômoda com o Supremo.
Sobre Aécio
MACHADO – É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma…
JUCÁ – Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.
MACHADO – O Aécio, rapaz… O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…
JUCÁ – É, a gente viveu tudo.
Sobre o STF
JUCÁ – (Em voz baixa) Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só tem condições de (inaudível) sem ela (Dilma). Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
Sobre Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Temer
MACHADO – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel (Temer).
JUCÁ – Só o Renan (Calheiros) que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.
Outros senadores
MACHADO – A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…
JUCÁ – Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…
MACHADO – Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ – Caiu. Todos eles. Aloysio (Nunes, senador), (o hoje ministro José) Serra, Aécio (Neves, senador).
MACHADO – Caiu a ficha. Tasso (Jereissati) também caiu?
JUCÁ – Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.
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