Com os olhos cheios de lágrimas, o poderoso chefão e ex-presidente Lula fez petistas chorarem na manhã desta terça-feira (19) ao descrever o comportamento da presidente Dilma Rousseff durante a sessão da Câmara dos Deputados que deu prosseguimento ao processo de impeachment, na noite de domingo (17). O relato foi feito em uma reunião com o comando do partido. Lula contou que, sem se alterar, Dilma pediu que seus auxiliares o consolassem. O ex-presidente contou ter saído três vezes da sala onde assistia à votação para chorar. Nas três vezes, Dilma ficou impassível e recomendou que seus assessores o acompanhassem. "Cuidem do presidente", recomendou Dilma, segundo a versão de Lula. O ex-presidente lembrou as adversidades que enfrentou para fundar o PT e disse não acreditar que seus colegas de partido tenham que superar tantos obstáculos atualmente. De acordo com participantes da reunião, Lula reconheceu os erros que cometeu na composição de alianças e se disse traído por deputados com quem conversou antes da votação para impedir a derrota do governo. O petista, ainda de acordo com os presentes, chegou a chamar ministros de "canalhas". O petista teria afirmado que a única explicação para a aprovação do pedido de impeachment pelos deputados é uma possível costura de um acordo para enterrar as investigações da Lava Jato. Dos 21 parlamentares atualmente com mandato na Câmara e que são alvo da apuração, 16 votaram a favor da destituição de Dilma Rousseff. "Ele disse que não é contra Lava Jato. Quem quer enterrar a Lava Jato são os golpistas", afirmou Gilney Viana, ex-deputado federal e militante do PT no Distrito Federal. O comando do PT reteve o aparelho de celular dos participantes do encontro. A medida foi tomada para impedir que os petistas divulgassem o teor do debate ainda com a reunião em andamento. Lula recomendou ao partido questionar a legitimidade de um eventual governo de Michel Temer (PMDB-SP), criticando o fato de o vice-presidente estar montando uma equipe sem que a presidente Dilma tenha sido afastada. O ex-presidente avaliou que a campanha contra Temer deverá perdurar até 2018, quando ocorrerão novas eleições. Lula pregou oposição a Temer desde já, mas sugeriu que o movimento não seja agressivo para que o PT não seja responsabilizado na hipótese de um fracasso do governo peemedebista.
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