O corte diário no fornecimento de energia elétrica na Venezuela foi iniciado nesta segunda-feira (25) com protestos no país. A medida faz parte do racionamento anunciado na quinta-feira (21) pelo presidente Nicolás Maduro. Pelo plano, a maioria dos municípios será submetido a um corte de quatro horas diárias, que segue um rodízio definido pelo governo. Só estão excluídos a região metropolitana de Caracas e os Estados de Nueva Esparta e Vargas.
No entanto, em algumas localidades a medida foi além do previsto, em boa parte por problemas técnicos. Foi o caso da região de Maracaibo, onde os cortes, que deveriam terminar às 4 horas, continuaram durante a manhã. Com isso, moradores da segunda maior cidade venezuelana foram protestar em frente à sede da Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec) no final da manhã, quando a energia ainda não havia sido reestabelecida. Para evitar que o grupo se aproximasse do prédio, a Guarda Nacional Bolivariana fez um cordão de isolamento. Apesar da tensão entre os manifestantes e as forças de segurança, não houve confronto. Depois do protesto, a Corpoelec suspendeu os cortes diários provisoriamente. A companhia afirma que a suspensão do serviço se alongou mais devido às chuvas que atingiram a região de Maracaibo durante a madrugada. Para a oposição, os apagões são mais um exemplo do fracasso da política energética de Maduro. O deputado opositor José Guerra afirmou que este plano ampliará a recessão. Neste ano, a previsão é de queda de 8% do PIB do país. "O governo, em vez de estimular que as pessoas trabalhem, faz todo o contrário. O que fez foi bloquear a solução da problemática que se vive no país", disse. A briga entre a oposição e o chavismo ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (25) quando o Tribunal Supremo de Justiça decidiu que qualquer redução de mandato presidencial não poderá ser aplicada para Nicolás Maduro. Na interpretação do Judiciário, as mudanças só passam a valer com o presidente que for eleito em 2019. A oposição faz pressão para aprovar na Assembleia Nacional uma forma de abreviar o tempo de mandato do chavista.
A coalizão Mesa de Unidade Democrática ainda tenta tirar Maduro com um referendo revogatório. Porém, o Conselho Nacional Eleitoral ainda não deu os formulários necessários para colher as assinaturas para a consulta popular. Para o presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, a decisão do TSJ é mais uma forma de limitar a atuação do Legislativo e chamou o Judiciário, que normalmente decide a favor do chavismo, de "fraude constitucional": "O combo formado pela sala inconstitucional, pelo Conselho Nacional Eleitoral, pelo alto comando das Forças Armadas, pela Procuradoria-Geral e pela pseudo-Defensoria do Povo negam a saída constitucional e pacífica do regime". O ex-presidenciável Henrique Capriles convocou protestos para pressionar o órgão eleitoral a entregar as atas para as assinaturas. O TSJ também suspendeu alguns projetos aprovados pela oposição por falta de audiências públicas.
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