O Conselho de Ética do Senado decidiu nesta terça-feira (19) dar uma uma "chance final" ao senador Delcídio do Amaral para que preste esclarecimentos ao colegiado sobre as denúncias que recaem sobre ele de envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras e tentativa de obstruir as investigações da operação Lava Jato. O conselho se reuniu nesta terça-feira para, pela terceira vez, tentar ouvir o senador. Como ele não compareceu, o seu advogado, Raul Amaral, apresentou um requerimento ao colegiado em que garantiu que Delcídio do Amaral prestará o depoimento na próxima terça-feira (26), às 14h30. Na reunião, o advogado garantiu que o senador estará presente na próxima semana. Durante a sessão, os integrantes do conselho criticaram o senador por ter apresentado quatro pedidos de licença médica desde que foi solto, em 19 de fevereiro, e, desde então, ter concedido diversas entrevistas a veículos de comunicação nacional e estrangeiros. O colegiado tenta ouvir o senador desde 23 de março. "Me chama atenção aqui que o senador Delcídio sempre vai à mídia e faz declarações. Ele agora quer sair de réu para julgador. Quer votar o impeachment. Responder na comissão, ele não quer, mas vir votar no impeachment ele quer", criticou o relator do processo, senador Telmário Mota (PDT-RR). O senador se referiu a recentes declarações de Delcídio de que quer voltar ao Senado a tempo de votar pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo. Outros senadores também criticaram o ex-petista e o acusaram de estar deliberadamente atrapalhando os trabalhos do conselho. Segundo Telmário, se ele não comparecer novamente, o conselho prosseguirá com os trabalhos e não concederá nova chance ao seu depoimento. "Ele não vindo, temos o direito de dispensá-lo", disse. Mesmo concordando com a realização da oitiva na próxima semana, o senador Otto Alencar (PSD-BA) criticou a intenção de Delcídio. "A delação dele é uma confissão de crime. A gravação do Bernardo Cerveró também é uma confissão de crime e ele foi preso. Seria muita desfaçatez ele vir encarar os senadores aqui. Ele deveria renunciar ao mandato", afirmou. Inicialmente, os senadores tendiam a não aceitar o pedido da defesa de Delcídio, o que encerraria nesta terça-feira o seu prazo para prestar depoimento. O senador Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB, no entanto, ponderou que é um direito do representado ser ouvido pelo conselho de ética. "Ele pode ter faltado quantas vezes fosse, mas essa comissão negar o direito de ouvi-lo me parece um absurdo", disse. Em seguida, os demais senadores resolveram concordar com seu argumento e dar o último prazo. Ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral foi preso em novembro do ano passado, após tramar a fuga do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Depois, em depoimentos de delação premiada à Operação Lava Jato, o senador implicou 74 pessoas, fez acusações ao governo e à oposição e elevou a pressão sobre a presidente Dilma Rousseff. Logo após a homologação de sua delação, ele se desfiliou do PT – e permanece, desde então, sem partido. Delcídio do Amaral deu uma entrevista ao jornal do SBT e disse que no minimo 15 senadores são citados em sua delação premiada. Mas, ele fala em mais de 20 nomes. Quando os termos dessa delação forem abertos, ocorrerá uma devastação no Senado Federal.
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