O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou nesta quarta-feira (30) que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tentou dar um golpe para escapar da cassação e age de forma rasteira para se manter no comando da Câmara. Em discurso que abriu a sessão desta quarta do Conselho, Araújo fez duras críticas à tentativa de Eduardo Cunha de aprovar de forma relâmpago um projeto que remodelava a composição do Conselho e lhe dava a maioria das 21 cadeiras do colegiado. "Advogar em causa própria, tentar de forma rasteira ficar no cargo que ocupa não é digno de um presidente desta Casa", discursou Araújo: "Me sinto envergonhado. Neste ano a palavra que mais ouvi foi golpe, golpe, golpe. Mas confesso que em lugar nenhum enxergava golpe. Ontem enxerguei a tentativa de golpe nesta Casa". O projeto encampado por Eduardo Cunha estabelecia a recomposição de todas as comissões e órgãos da Câmara, incluindo a interrupção de mandatos no Conselho, cujos 21 integrantes são eleitos para dois anos, período que só termina no início de 2017. O argumento é de que era preciso recompor a proporcionalidade partidária dos órgãos após o recente troca-troca que levou 90 deputados a mudarem de legenda. Após a notícia sobre o projeto vir à tona e ser alvo de reação forte de integrantes do Conselho e de partidos governistas e de oposição, o presidente da Câmara recuou e o retirou de votação. Nova versão deve excluir o Conselho de Ética da mudança. "Esse projeto era nada mais do que um pano de fundo para a verdadeira finalidade da medida, que era liquidar o Conselho de Ética", acrescentou Araújo. Aliados de Eduardo Cunha reafirmaram o que o peemedebista tinha dito na véspera, que o Conselho de Ética não foi objeto da discussão para a elaboração do projeto.
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