sábado, 26 de março de 2016

Em depoimento a ativista, Celso de Mello defende impeachment como instrumento legítimo e ainda critica Lula sobre a Lava Jato


Pela terceira vez na mesma semana, um ministro do Supremo Tribunal Federal rebateu as acusações de que o processo de impeachment é um golpe. Em um vídeo gravado em um shopping de São Paulo por uma militante do Movimento Contra Corrupção (MCC) identificada apenas como Ana Cláudia e postado no Youtube no dia 24, o ministro Celso de Mello, o mais antigo da Corte, também criticou as declarações do ex-presidente Lula de que a Lava-Jato é responsável pela crise econômica do País. "Essa resposta eu já dei no julgamento em dezembro de 2015 no Supremo Tribunal Federal. Disse que o impeachment não pode ser reduzido a um mero golpe de estado porque o impeachment é um instrumento previsto na Constituição que estabelece regras básicas. Se essas regras foram respeitadas, obviamente o impeachment não pode ser considerado um ato de arbítrio político e violência política" — respondeu Celso de Mello, ao ser questionado sobre o assunto pela ativista. Ele não falou especificamente sobre os detalhes do caso da presidente Dilma Rousseff. Para o decano, o impeachment “é um instrumento legítimo pelo qual se objetiva viabilizar a responsabilização política de qualquer presidente da República, não importa quem seja, não importa a qual partido esta pessoa esteja filiada”: "É um instrumento posto à disposição da cidadania porque só o eleitor tem legitimidade para provocar a abertura do processo de impeachment". Celso de Mello ainda elogiou a decisão do ministro Teori Zavascki de retirar do juiz Sérgio Moro a responsabilidade sobre as investigações contra o ex-presidente Lula por causa da sua nomeação para o Ministério da Casa Civil: "Foi uma decisão tecnicamente correta, juridicamente adequada ao padrões legais. O ministro Teori é um grande juiz. É um juiz muito sério, competente e proferiu uma decisão que está de acordo com a jurisprudência do STF. O ministro está sendo injustamente atacado quando agiu com máxima isenção", disse o ministro, lembrando que ainda caberá ao plenário da Corte decidir em caráter definitivo sobre o tema. Ao ser indagado sobre a fala de Lula, que na última quarta-feira pediu a sindicalistas questionarem a força-tarefa da Lava-Jato sobre os prejuízos provocados pela operação, Mello discordou da fala do ex-presidente: "O Juiz Moro vem agindo de acordo com o que manda a legislação brasileira. Jamais a Operação Lava-Jato poderá ser considerada como causa geradora de desemprego ou de crises econômicas". 

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