terça-feira, 8 de março de 2016

Camargo Corrêa causou prejuízo a fundo da Petrobras, aponta relatório


Um auto de infração do Ministério da Previdência aponta que a Camargo Corrêa deu um prejuízo de R$ 151,5 milhões em um negócio com a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. A empreiteira já admitiu envolvimento com a corrupção na Petrobras em acordos de colaboração firmados na Operação Lava Jato, mas não há informações de que essa operação na Petros também esteja sob investigação. O negócio foi feito com a holding Camargo Corrêa S.A., do qual faz parte a construtora Camargo Corrêa, alvo da Lava Jato. O auto de infração é contra a Petros e, por isso, a Camargo não é ouvida durante o processo. Lavrado em abril do ano passado pela Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), órgão subordinado ao Ministério da Previdência, o auto de infração ainda tramita internamente, cabendo recurso administrativo. Está sob sigilo. O ex-diretor executivo da Petros, Luis Carlos Fernandes Afonso, foi autuado sob acusação de desrespeitar as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. A penalidade passível é uma multa de R$ 45 mil, ainda não definida conclusivamente. A operação sob suspeita ocorreu em 2010. A Petros negociou a aquisição, junto à Camargo, de ações da Itaúsa, holding que controla o Itaú Unibanco. Segundo o relatório, o fundo de pensão da Petrobras pagou à Camargo um total de R$ 151,5 milhões a mais do que o previsto inicialmente em um memorando de entendimento entre as partes. "A Camargo Corrêa estabeleceu um preço para a venda que não havia sido previsto em nenhum dos instrumentos contratuais, mas era exatamente o valor máximo que a Petrobras havia se disposto a pagar pela ação", diz o texto do auto de infração. Além de ter pago um preço mais alto, a Petros comprou mais ações do que o previsto inicialmente. "A empresa Camargo adquiriu mais ações no período e aproveitou para vendê-las à Petros", diz o auto de infração. Também conforme o documento, a Petros não tinha recursos para o negócio e, por isso, teve que vender títulos públicos que não estavam disponíveis para negociação. "A Petros ingressou numa operação que envolvia mais de R$ 3 bilhões sem dispor, a priori, das condições de custeá-la", diz o relatório. Irregularidades em fundos de pensão, dentre elas corrupção, têm sido investigadas pelo Ministério Público, Procuradoria Geral da República e também na CPI dos Fundos de Pensão da Câmara. 

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