A Caixa Econômica Federal ameaça barrar a venda da participação do BTG Pactual na Pan Seguros e na Pan Corretora para a francesa CNP Assurances, caso sua parte também não entre no negócio. Caixa e BTG são sócios nas duas empresas, e o BTG precisa se desfazer de sua participação para reforçar o caixa – a fatia da estatal é de 49%, e a do banco privado, de 51%. Desde a prisão de André Esteves, envolvido na Lava Jato, o BTG mergulhou em uma crise, tirou o executivo do comando, e passou a vender participações em empresas para fazer frente aos saques. Caixa e CNP são sócias desde 2001, quando o grupo francês, um dos líderes em seu país, adquiriu o controle da Caixa Seguradora. Comprando a fatia do BTG na Pan Seguros e na Pan Corretora, os franceses estariam isolando a Caixa. A estatal não conseguiria vender seguros com outro parceiro que não a própria CNP. Em janeiro, o BTG informou que negociava com a CNP e ela estava disposta a pagar R$ 800 milhões pela participação do banco. O problema é que o contrato do BTG com a Caixa dá à estatal o direito de ser vendido nas mesmas condições. Isso exigiria da CNP mais R$ 800 milhões, elevando o negócio para R$ 1,6 bilhão. Caso a CNP não aceite, a Caixa pode vetar a saída do BTG. A Caixa apresentou uma saída: aceita a venda da fatia do BTG se a CNP "melhorar" o contrato com a Caixa Seguradora. Nesta empresa, a CNP detém o controle e, pelo contrato, vende seus produtos usando os balcões da Caixa, que recebe cerca de 10% das vendas (de seguros ou títulos de capitalização, por exemplo). Este é o principal ponto que o banco estatal quer melhorar e não consegue. O contrato só vence em 2021. Caixa e a CNP discutem essa relação há anos. No fim de 2015, quando o governo quis abrir na Bolsa o capital do braço de seguros da Caixa, a presidente do banco, Miriam Belchior, foi a Paris tentar renegociar o contrato. A CNP concordava com a abertura de capital desde que o contrato fosse renovado nas mesmas condições. Embora diga que a relação com a CNP seja vantajosa, apontando números que mostram aumento de receitas e de lucro ao longo dos anos, a Caixa acredita que ajustes na estratégia comercial permitiriam que os resultados pelo menos se nivelassem aos de bancos que têm uma rede de atendimento tão grande quanto a da Caixa. Além disso, há diversas outras seguradoras interessadas em atuar com a Caixa. Por isso, desta vez, o banco está forçando as negociações via BTG.
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