O presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, não esperou tomar posse na próxima quinta-feira (10) para tratar de um tema espinhoso para o país: a dívida com os credores estrangeiros que venceram disputa com o governo de Cristina Kirchner na Justiça americana em 2014. No começo da semana, o futuro secretário de Finanças, Luis Caputo, esteve em Nova York e se reuniu com Daniel Pollack, o mediador designado pelo juiz americano Thomas Griesa para o caso.
Em nota enviada a jornalistas nesta quarta (9), Pollack confirma o encontro, que teve um caráter "introdutório" e foi pedido pela equipe de Macri. Segundo o comunicado, Caputo disse que Macri quer começar a conversar sobre a dívida logo após assumir o poder, nesta quinta-feira (10). O texto diz também que Pollack se reuniu na última semana com representantes dos credores, os chamados "fundos abutres", que, segundo o mediador, tem até US$ 10 bilhões em ações contra a Argentina. No primeiro semestre de 2014, parte dos credores, que inclui o fundo de investimentos NML, ganhou na Justiça americana o direito de receber US$ 1,3 bilhão da Argentina. O governo Kirchner, contudo, decidiu pelo calote. Há outros credores que não aceitaram a reestruturação da dívida do país em 2005 e 2010 e ainda brigam na Justiça para receber seu pagamento. Segundo o jornal "La Nación", o governo argentino não tinha contato com o mediador desde julho de 2014, logo após o calote ser confirmado. Na época, o ministro da Economia, Axel Kicillof, chegou a acusar Pollack de ser "parcial". "Nenhuma negociação substantiva para resolver a questão da dívida ocorreu em nenhum dos dois encontros. O Sr. Caputo expressou ao Sr. Pollack a intenção do novo governo de iniciar as negociações logo após assumir, em 10 de dezembro", diz a nota, destacando que não há data ainda para uma nova reunião. Um porta-voz do futuro ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, se limitou a dizer que "foi uma boa reunião, uma primeira aproximação". Durante a campanha, Prat-Gay já havia manifestado que Macri tem intenção de retomar o diálogo com os "abutres", mas que isso não necessariamente significa que tem intenção de pagar tudo o que os fundos exigem.
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