A Procuradoria-Geral da República investiga se Caroline Serejo Medeiros Collor de Mello, mulher do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), também tem ligação com o esquema de corrupção da Petrobras, além de que se recursos desviados da estatal foram enviados ao Exterior para conta em Hong Kong e a compra de um imóvel. O Ministério Público Federal aponta que há indícios de que dinheiro depositados em espécie nas contas de uma empresa de TV ligada a Collor foi transferido para a conta do senador e de sua mulher para tentar mascarar a origem ilícita dos recursos. Caroline também é sócia-administradora da Água Branca Participações Ltda, que mantém em sociedade com o marido. A empresa, que é proprietária de quatro carros de luxos, não tem funcionários nem atividade, segundo os investigadores da Lava Jato. O senador assegura que a empresa tem atividade normal. Um laudo da Polícia Federal aponta que os veículos, que chegaram a ser apreendidos nos desdobramentos da Lava Jato, mas acabaram devolvidos pelo STF ao senador, foram pagos em parte com recursos com indícios de propina, associados a repasses do doleiro Alberto Youssef. Os quatro carros citados no laudo custaram R$ 6,2 milhões. A coleção é composta de uma Lamborghini Aventador (R$ 3,2 milhões), uma Ferrari 458 (R$ 1,45 milhão), um Bentley Flying (R$ 975 mil) e um jipe Range Rover (R$ 570 mil). O laudo da Polícia Federal cobre o período que vai de janeiro de 2011 e abril de 2014, no qual o ex-presidente recebeu R$ 12,4 milhões. Collor é alvo de três inquéritos que foram abertos pelo relator da Lava Jato no Supremo, Teori Zavascki, que atendeu a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Nesta quarta (18), Janot enviou dois novos pedidos de abertura de inquéritos para investigar Collor por corrupção passiva. Um dos inquéritos foi aberto para tramitar a denúncia oferecida pela Procuradoria ao STF contra o senador, na qual ele é acusado de ter recebido R$ 26 milhões em suborno em cinco anos em negócios relacionados à BR Distribuidora. Collor chegou a pedir ao STF para trancar as outras investigações, uma vez que já foi oferecida a denúncia. Em decisão desta quarta-feira (18), Teori afirmou que a continuidade das apurações não traz nenhum prejuízo ao parlamentar e se faz necessária porque a Procuradoria colocou que existiam "várias situações pendentes de elucidação". Foi colocado ainda que a extensão do procedimento investigatório visa tão somente apurar a existência de indícios de autoria e materialidade delitiva relativos a Collor e outros investigados. Uma das linhas de apuração é se houve evasão de divisas com o envio e recursos e repasses para o exterior de quantia oriunda dos crimes de corrupção passiva, por meio da empresa de Leonardo Meirelles, sediada em Hong Kong, crimes de corrupção supostamente cometida em relação a outros contratos ligados a Petrobras e crime de lavagem de dinheiro por meio de compra de imóvel e aquisição de veículo Rolls-Royce. O ministro sustenta também que a denúncia diz "respeito ao funcionamento de uma organização criminosa relacionada à BR Distribuidora, voltada principalmente ao desvio de recursos em provimento particular, à corrupção de agentes públicos e à lavagem, de dinheiro". Na denúncia, o Ministério Público aponta nove condutas criminosas ao senador, entre elas, forjar empréstimos fictícios supostamente tomados por ele e sua mulher da TV Gazeta a fim de justificar aquisição de bens pessoais de luxo com valores oriundos do crime e encaminhar a agência bancária pedido de estorno de crédito relativos a depósitos em dinheiro em sua conta pessoal, com o objetivo de se desvincular dessas operações e evitar a instauração de investigação sobre os fatos.
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