Lula faz 70 anos. E está forçando a mão para ver se transforma o Brasil numa república de bananas. Mas não vai. É um nojo que a imprensa informe quase unanimemente que o Babalorixá de Banânia está bravo com Dilma em razão da Operação Zelotes, da Polícia Federal, que chegou a Luiz Cláudio, um dos filhos do Poderoso Chefão. Bravo por quê? É preciso dizer. O que, afinal, de contas, ele reivindica? Uma intervenção na PF, de sorte que se selecionem os alvos, e só possam ser investigados adversários do governo? Que se dê com a Operação Zelotes o que está em curso na Lava-Jato — vale dizer: que ela passe ao largo dos Lula da Silva? Quando a Polícia Federal chegou ao nome de Luiz Cláudio, o que deveria ter sido feito, na visão de Lula? O ministro da Justiça deveria, então, ter sido acionado para, com autorização da presidente, brecar a investigação? Um dos mais caros princípios do direito romano assegura que o filho não pagará pelos crimes do pai. Muito bem! Nada disso está em curso, não é mesmo? Até onde se sabe, quem está sendo investigado na Zelotes é a empresa de Luiz Cláudio, não Lula. Ocorre que o Apedeuta tem uma concepção aristocrática de poder — mas da velha aristocracia, que concedia imunidade e impunidade aos que pertenciam à classe superior. Lula, que se tornou um inimputável da República, que passou incólume pelo mensalão e pelo petrolão, deseja que essa condição seja transferida aos filhos, de modo que eles também não tenham de responder por eventuais malfeitos. Assim, o Brasil teria dado início a uma nova fidalguia. Lula cobra essa inimputabilidade mesmo nas atuais condições do país. Imaginem como seria se a economia estivesse bombando. Kim Joon-il, o anão tarado que governa a Coreia do Norte, seria pinto perto da santidade magnificente do Apedeuta. Lula, nos seus 70 anos, quero lhe dizer uma coisa: vá plantar batatas. Não lhe devemos a Constituição que temos — você a combateu. Não lhe devemos o direito de defesa — você o combateu. Não lhe devemos a democracia — sim, em muitos de seus aspectos virtuosos, você a combateu. Não somos obrigados a pagar ao PT, em mensalão e petrolão, o que as instituições nos dão de graça. Dilma, embora hostilizada por Lula nos bastidores, gravou um vídeo em que dá os parabéns ao Poderoso Chefão. Nas palavras da presidente, o petista parece estar colocado ligeiramente acima de Deus. Os especialistas em imagens não tardarão a ver ali um texto forçado, uma gravação feita não sem dificuldade, com cortes de edição aqui e ali. As palavras são duras. Muito mais magra do que no seu auge, nem a arcada dentária nem as palavras parecem caber na sua boca. Fez a tal gravação movida mais por constrangimento do que por alegria. Outros mensagens vieram a público. Num deles, o Lula da MPB, Chico Buarque expressa a sua solidariedade “não só pelos 70 anos, mas por tudo o que você vem enfrentando”. Chico, que já foi um bom compositor, é ruim em prosa até ao fazer uma saudação. Quando alguém faz 70 anos, eu costumo dar os parabéns, não me solidarizar. A gente se solidariza com quem passa por agruras, não é? A alternativa a fazer aniversário é bem pior. Mas eu entendo. Os dois se abraçam na decadência. Chico, vive o seu climatério intelectual — e nada tem a ver com a idade, mas com as ideias torpes que andam debaixo daqueles seus cabelos brancos. Daí que aquele que já foi considerado o intérprete da alma feminina tenha se tornado célebre recentemente por ter dedicado uma música a uma tal “mulher sem orifício”. Seus exegetas tentaram entender de que diabos ele falava, e as coisas mais estranhas foram ditas… Eu acho apenas que era o climatério intelectual traduzido em climatério viril. Com reposição hormonal, ele teria buscado outra metáfora. O problema não estava na musa, mas na falta de disposição do bardo que a cantava. O elogio de Chico Buarque, hoje um militante da impunidade, faz sentido. Assim como Lula acredita que seu lugar está guardado independentemente da miséria institucional que promova no país, Chico vive no panteão, independentemente das misérias estéticas que cante ou escreva ou da miséria intelectual que prodigalize. Os brasileiros, indicam as pesquisas, já se divorciaram de Lula: 55% não votariam nele de jeito nenhum. Os subintelecutais da imprensa e da academia jamais vão se divorciar de Chico Buarque. Não têm a mesma independência moral do povo brasileiro. Além do quê, convenhamos, boa parte cultua a mulher sem orifício. Lula fez 70 anos? Deve estar feliz. Entre outros benefícios, está o do Artigo 115 do Código Penal, a saber:
“Art. 115 – São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
É um alento, certo, companheiro? Por Reinaldo Azevedo
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