A Câmara aprovou em primeiro turno, na noite desta quarta-feira (2), proposta do pacto federativo que protege Estados e municípios de novos encargos ou prestações de serviços sem que haja repasse de recursos financeiros da União. A votação transcorreu com poucas discussões, uma vez que o texto já havia sido fruto de acordo na última semana, quando passou pela comissão especial. Foram 379 votos a favor, 47 contrários e 9 abstenções – por se tratar de PEC, era necessário o apoio de, pelo menos, 308 dos 513 deputados para seguir ao segundo turno. De acordo com o regimento da Câmara, o texto precisa passar por cinco sessões de discussão antes da votação em segundo turno. Contudo, um acordo dos líderes pode acelerar esse prazo. A expectativa é que a avaliação da proposta já termine na semana que vem, quando a PEC seguirá para o Senado e cumprirá o mesmo rito de apreciação, em dias sessões de votação no plenário. Da forma como está, a proposta prevê uma salvaguarda à União, ao determinar que novos gastos tenham previsão no Orçamento. A PEC determina que novos encargos devem estar previstos no Orçamento da União, ou precisam ser acompanhados de aumento permanente de receita ou de redução permanente de despesa. O receio do Planalto é que todo novo encargo autorizado tivesse que ser arcado pela União. A ideia é que a proposta iniba a votação das chamadas pautas-bomba pelo Congresso. Os pisos salariais de servidores estaduais e municipais, foram o principal ponto de divergência. Os salários cuja competência de definição cabe à União, como educação e saúde, só serão reajustados se o governo federal garantir a fonte de recurso. Para aprovar a proposta, os deputados retiraram do texto o trecho que estabelecia compensações nos pagamentos. Apesar de salvaguardar a União quando se trata de novos encargos para Estados e municípios, a PEC não estabelece esses mesmos princípios de vinculação de despesas a receitas para gastos próprios. Foi justamente o que fez o Senado semana passada ao concluir a votação uma PEC da senadora Ana Amélia (PP-RS). Os senadores afirmam que a proposta deles é mais completa, já que também faz a vinculação de responsabilidades para gastos da União. Contudo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já avisou que não há acordo para essa votação no momento. Apesar de já haver previsão da obrigatoriedade de criação de despesa apenas com receita na Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo pretende constitucionalizar o tema.
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