Os advogados Nélio Machado, João Francisco Neto e Gabriel Alencar Machado deixaram a defesa do executivo João Antônio Bernardi Filho, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato. Os criminalistas protocolaram na quarta-feira (19) uma petição em que renunciaram ao caso. "Quando soubemos que a família de Bernardi consultou um advogado do Paraná porque estavam pensando o caminho da delação, não vimos mais razão para ficar no caso", afirmou Machado. "Quem delata sai, quem não delata fica preso", disse o advogado, que já se declarou diversas vezes ser contra a delação premiada. Outras pessoas que tiveram contato recentemente com o executivo confirmaram que o motivo do desligamento foi que Bernardi optou por fazer delação premiada. O advogado mais cotado pelo executivo para assumir a defesa é Marlus Arns, que vem trabalhando na tentativa de fechar um acordo de colaboração para o ex-diretor da Petrobras, o petista Renato Duque. A delação de Duque é tida como um dos motivos que pesaram para que Bernardi optasse pela delação. Ele é apontado como o representante da empresa offshore uruguaia Hayley no Brasil, cujo controle é atribuído ao petista Renato Duque. A empresa é investigada na Operação Lava Jato sob suspeita de ter sido usada para lavar dinheiro desviado de contratos da Petrobras. Um dos motivos pelos quais Bernardi chamou a atenção dos investigadores da Polícia Federal foi que, em 2011, ele foi assaltado no centro do Rio de Janeiro quando levava na mala R$ 100 mil que supostamente seriam entregues a Renato Duque como propina. Bernardi também atuou como diretor-geral da Odebrecht Perfurações, onde ficou por 25 anos, até se desligar da empresa, em 2002. Antes de ser preso, há dois meses, ele era assessor da presidência da empresa italiana Saipem, que tem mais de R$ 1 bilhão em contratos firmados com a Petrobras. Em 2011, quando Duque ainda era diretor de Serviços da Petrobras, a Saipem assinou contratos com a Petrobras para fazer dois gasodutos submarinos na bacia de Santos. Este não é o primeiro caso que Nélio Machado e sua equipe renunciam devido ao cliente optar por delação premiada. Ele também deixou a defesa de Paulo Roberto Costa quando o ex-diretor da estatal decidiu colaborar com o Ministério Público Federal e passou a ter como defensora a advogada Beatriz Catta Preta.
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